Aliados políticos de Jair Bolsonaro (sem partido) – dentro e fora do governo – reagiram com surpresa à declaração do presidente de que, se a PEC dos Precatórios passar no Congresso, o governo avalia conceder um reajuste salarial a todos os servidores públicos.
Ao blog, o líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), disse nesta quarta-feira (17) não ver "espaço" no orçamento de 2022 para o reajuste e que, se o Executivo quiser conceder o aumento, terá de especificar de onde sairão os recursos para financiar a proposta.
"Não tem espaço no orçamento, o governo precisa escolher prioridades. Se quiser dar, vai ter de dizer de onde vai sair, o que vai cortar".
Bolsonaro disse que já conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o reajuste.
Bezerra, que também é o relator da PEC dos Precatórios, disse ao blog que não foi consultado sobre a proposta de aumento para servidores. "Não fui procurado por absolutamente ninguém".
Apesar de Bolsonaro dizer que já falou com Guedes, técnicos do Ministério da Economia alertaram o presidente que um reajuste para servidores não cabe no orçamento de 2022, mesmo se a PEC dos Precatórios for aprovada no Congresso, conforme apurou a colunista Ana Flor.
Enviada pelo governo em agosto, a PEC dos Precatórios parcela o pagamento das dívidas da União reconhecidas pela Justiça. O texto já passou pela Câmara dos Deputados e ainda depende de aprovação do Senado. O governo afirma que, se aprovada, a PEC abrirá espaço de R$ 91,6 bilhões no orçamento.
Uma parte do orçamento, no entanto, será destinada ao pagamento do Auxílio Brasil, programa social que substitui o Bolsa Família.
Além de Bezerra, ministros do próprio governo e integrantes da cúpula da Câmara reagiram com espanto à fala do presidente sobre um eventual reajuste a servidores públicos.
Nas palavras de uma das principais lideranças do centrão, Bolsonaro "está perdido" ao falar da proposta sem costurar apoio no Congresso, além de provocar uma repercussão negativa no mercado, sinalizando que o governo está cada vez mais sem rumo na agenda econômica. Na avaliação de parlamentares, o presidente quer, com o discurso, fazer um aceno eleitoral para servidores públicos, de olho em sua reeleição.
Fonte: Blog da Andréia Sadi
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