A comitiva do Governo do Rio Grande do Norte volta da Europa com novos investimentos e negócios para a produção de energias renováveis, setor em que o estado é líder nacional. Durante viagem à Dinamarca, da quarta (10) à sexta-feira (12), a governadora Fátima Bezerra firmou importantes parcerias com grandes empresas para dar início à execução de projetos ambiciosos.
Na semana anterior, membros do Executivo estadual discutiram os desafios da ação climática a partir dos governos subnacionais na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 26, em Glasgow, Escócia. Na Noruega, receberam a confirmação de que a empresa Scate Solar vai investir 1,6 bilhão de reais na geração de energia limpa no Projeto Mendubim, devendo gerar 1.200 empregos no Vale do Açu. A usina solar deverá ser uma das maiores do Brasil e vai entrar em operação em dezembro de 2023.
“Nós não estamos trazendo na bagagem apenas investimentos; estamos trazendo também empregos e a garantia de desenvolvimento sustentável. E quando esse é o objetivo, nossa gestão não enxerga fronteiras”, avalia a governadora, após uma série de encontros em que apresentou o estado como destino econômico e turístico, acompanhada por equipe que contou com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, a secretária de Comunicação Social, Guia Dantas; o coordenador de desenvolvimento energético da Sedec, Hugo Fonseca; o diretor-geral do Idema, Leon Aguiar; presidente da Caern, Sérgio Linhares, o senador Jean Paul Prates e o professor e pesquisador Mário Gonzales (UFRN), especialista em energia eólica, que aceitou o convite para apresentar estudos que podem nortear o futuro dessa indústria na costa potiguar.
O Governo vai trabalhar em cooperação com a dinamarquesa Vestas Wind Systems - Morten Dyrholm para implementação do porto-indústria eólico offshore, produção de hidrogênio verde, armazenamento de energia e Power to X (amônia verde, e-metanol). O acordo foi estabelecido na quinta-feira (11), em reunião com a diretoria da empresa e inclui também a definição de incentivos tributários e fiscais para que o grupo amplie sua atuação no estado.
"O nosso Governo, através da Sedec [Secretaria de Desenvolvimento Econômico], já vinha trabalhando junto à empresa a possibilidade de assinatura de acordo de cooperação com o objetivo de desenvolver ações para intercâmbio técnico, institucional, econômico e ambiental. Agora com a concordância da Vestas, vamos finalizar as diretrizes e efetivamente assinar o acordo em breve", explicou a governadora.
No mesmo dia, Fátima se reuniu com a empresa European Energy para assinatura de “Memorando de Entendimento (MoU)” visando também o desenvolvimento de novas fontes de energias renováveis no estado, em especial hidrogênio verde, amônia verde, energia solar e armazenamento de energia. A corporação já instalou e investiu na produção de mais de 2.000 MW (2 GW) em parques eólicos e solares em 16 países. Em 2019, a European Energy evitou a emissão de 358.000 toneladas de CO2 em todo o planeta.
"O Governo do Estado vem investindo na diversificação de fontes de geração de energias e temos alcançado resultados importantes na inserção de novas fontes como biomassa, solar, hídrica e, como combustível de transição, do gás natural", contextualizou Jaime Calado no encontro.
Ainda durante a missão internacional, na sexta-feira (12), foi assinado, com a Copenhagen Infrastructure Partners, maior fundo de investimentos em energias renováveis do mundo, o memorando que trata da construção do projeto Alísios Potiguares, correspondente a 1,8 GW na produção de energia offshore e hidrogênio verde.
“Nosso Estado é o primeiro do Brasil a assinar um memorando de entendimento com a empresa, mais uma vez colocando o RN em posição de vanguarda”, comemorou a governadora. "Não estamos aqui por acaso, mas movidos pelo desejo e a determinação de fazer nosso Estado, o Nordeste e o Brasil avançarem, e muito, na área das energias renováveis. O Rio Grande do Norte e a Dinamarca têm muito em comum no quesito buscar fontes renováveis para matriz energética", afirmou a governadora.
Fátima destaca potencialidades do Estado
Em Copenhague, os potiguares apresentaram as potencialidades do Rio Grande do Norte durante o Latin American Business Fórum, realizado pela Confederação da Indústria Dinamarquesa, Ministério dos Negócios Estrangeiros e a Copenhagen Business School na quarta-feira (10), na Dinamarca.
O objetivo do evento foi promover o comércio e o investimento entre a Dinamarca e os países latino-americanos.
A matriz elétrica do RN hoje é composta 94% por fonte renovável, sendo a energia eólica o a principal com geração de 6,1 GW de potência instalada, tornando o estado líder nacional na geração e exportação para o Sistema Nacional de Energia.
“Trabalhamos para cada vez mais diversificar a matriz energética do nosso país, contribuindo para a transição energética e para uma economia de baixo carbono. Temos a firme confiança de que o primeiro estado brasileiro a implementar a energia eólica no mar (offshore) será o nosso!”, assegurou a governadora Fátima Bezerra.
A chefe do Executivo estadual lembrou que das sete fontes de energia comercializada em todo o Brasil, o Rio Grande do Norte opera cinco delas, com destaque para a eólica. São 201 parques atualmente em operação e mais 44 em construção e 77 contratados. Ao detalhar as oportunidades de investimentos para empresas estrangeiras e nacionais, a governadora enfatizou que o RN está elaborando estudos para infraestrutura portuária para Eólica Offshore, produção de hidrogênio, amônia verde e e-metanol. Atualmente estão em fase de licenciamento e autorização nos órgãos ambientais cinco grandes complexos eólicos na costa potiguar. A capacidade instalada desses empreendimentos soma 11,9 GW.
O potencial para geração de energia no mar é estimando em 140 GW, o equivalente à produção de dez usinas de Itaipu. O governo assinou recentemente importantes acordos com empresas de energias renováveis com a finalidade de desenvolver e implantar o polo de energias limpas e o hub de produção, armazenamento e exportação de hidrogênio e amônia verdes.
Nesse contexto, Fátima destacou a criação do Consórcio Brasil Verde, um movimento dos governadores brasileiros em sintonia com as pautas da Conferência do Clima COP26, que realizada em Glasgow, na Escócia, também nessa semana. “Uma demonstração muito clara dos governadores ao mundo, do nosso compromisso em defesa do meio ambiente com ações que signifiquem menos impacto ambiental e estímulo às fontes de energia limpa”.
Mais oportunidades de negócios e parcerias
Antes do encontro no Latin American Business Fórum, a delegação esteve na Agência de Energia da Dinamarca para tratar das boas práticas para o desenvolvimento de novas fontes de energias e regulação delas e incentivo à cadeia industrial.
No final da reunião, a governadora convidou os representantes da agência dinamarquesa a visitar o RN e a possibilidade de assinatura de futuros acordos de cooperação entre a agência reguladora dinamarquesa e o governo do estado.
Para o coordenador de Desenvolvimento Energético do Rio Grande do Norte, Hugo Fonseca, o resultado das duas reuniões ficou acima das expectativas: “elas foram importantíssimas porque tivemos contatos com investidores e fundos de financiamento e de crédito que puderam ver a visão do estado em relação a seu planejamento energético, abertura de novos mercados já existentes, como água, fruticultura, energia e mineração e a pesca. Essa agenda na federação das indústrias foi extremamente importante. Eles ficaram impressionados com as potencialidades do Estado e com as oportunidades de negócios que podem surgir não só para eles, mas também na cadeia em torno dessas empresas atuantes no mercado. Ficou bem claro que teremos muitas oportunidades de negócios e parcerias a serem estabelecidas".
Responsabilidade ambiental
Durante a agenda, o Governo do RN também externou sua preocupação com a questão ambiental e solicitou aos novos parceiros apoio para projetos de proteção, preservação e restauração da Mata Atlântica e do bioma Caatinga, ameaçado de desertificação. Só no RN, 95% do território, contendo 159 municípios, é susceptível à desertificação.
O diretor-geral do Idema, Leon Aguiar informou sobre a finalização da política estadual de mudanças climáticas para estabelecer metas de redução de carbono, recuperação ambiental e desenvolvimento sustentável.
“Hoje temos a área de energias como uma das principais atividades econômicas, mas há outras que também exigem compensações ambientais. Temos vários projetos e vamos criar uma grande área protegida na caatinga que é dos mais esquecidos biomas no país. E isso é muito importante por que, entre os indicadores do ranking de competitividade dos estados no Brasil, há critérios de mensuração social, econômica e ambiental. E no ambiental não basta somente proteger, também temos que restaurar e o RN precisa avançar nesta área".
Fátima Bezerra acrescentou que tem feito “articulações com os demais estados para tratar do compartilhamento de informações, nivelamento de projetos e assuntos comuns, como a agenda ambiental para o Nordeste com a definição de ações para recuperação e preservação do bioma caatinga". Ela reforçou que recentemente os governadores criaram o consórcio Brasil Verde que pretende atrair investimentos para intervenções em favor do meio ambiente envolvendo a participação dos estados e iniciativa privada.
Fonte: Tribuna do Norte
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