Em mais uma capítulo de uma guerra interna na Polícia Federal, o ex-superintendente da PF no Amazonas Alexandre Saraiva pediu à Corregedoria da corporação investigar o delegado-geral da PF, Paulo Maiurino.
O pedido foi apresentado nesta sexta-feira (19). Saraiva argumenta que Maiurino omitiu do currículo ter sido assessor especial do ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Diz ainda que o atual diretor-geral ocupou simultaneamente, em 2019, cinco cargos públicos: delegado da PF, secretário-executivo do Conselho de Segurança Pública, assessor especial de Witzel, membro do conselho de administração da Cedae e secretário de Segurança do Supremo Tribunal Federal.
"(...) Caso verdadeiras as informações, em tese, houve acumulação dos cargos públicos. Assim, em teoria, a situação pode configurar enriquecimento ilícito e improbidade administrativa, especialmente se foi ultrapassado o teto, constitucionalmente previsto, para os vencimentos dos servidores públicos", diz Saraiva em ofício para João Vianey Xavier Filho, corregedor-geral da PF.
Saraiva foi afastado do cargo de superintendente da PF em abril deste ano, após ter apresentado notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi transferido para a delegacia PF em Volta Redonda (RJ).
Para Saraiva, Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR) fizeram um acordo com o setor madeireiro "no intento de causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos perante a Administração Pública".
Em abril, Saraiva enviou notícia crime ao STF contra Salles e Mota. Em junho, a ministra do Supremo Carmen Lucia acatou pedido da Procuradoria Geral da República e arquivou a acusação contra o senador por falta de provas.
Em julho, o ministro Alexandre de Moraes determinou o envio da investigação para a Justiça Federal do Pará.
Guerra interna
Outros dois episódios apontam para uma disputa interna na Polícia Federal.
Em 10 de novembro, o governo federal exonerou a diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, a delegada da PF Silvia Amélia Fonseca de Oliveira. O Departamento de Recuperação de Ativos faz parte da estrutura do Ministério da Justiça. É onde tramita o processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Santos segue foragido, nos Estados Unidos, da Justiça brasileira.
Em outubro, o diretor-geral da PF decidiu trocar o superintendente no Distrito Federal, delegado Hugo de Barros Correia. É na superintendência do DF que está o inquérito sobre Jair Renan, o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro. O inquérito foi aberto a pedido do Ministério Público após denúncia de possível tráfico de influência e lavagem de dinheiro feita contra Jair Renan por parlamentares de oposição ao governo.
Fonte: g1
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