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domingo, novembro 28, 2021

Banco Central estuda mudanças na fórmula de correção da poupança, diz Campo Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (26) que a instituição tem estudado mudanças na fórmula de correção da caderneta de poupança, mas ponderou que qualquer alteração precisa ser feita de forma "bastante lenta."


Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. — Foto: Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado


Campos Neto fez a declaração durante evento virtual promovido pelo Secovi-SP, sindicato de habitação de São Paulo. Ele foi questionado sobre a possibilidade de criação de uma caderneta de poupança indexada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.


"A gente tem estudado muito o tema da poupança, existe obviamente uma vontade de fazer mudanças na poupança", afirmou.



"Concordo que em algum momento a gente deveria estar pensando em anunciar uma fórmula de poupança que fosse, primeiro, mais 'hedgeável' e, depois, mais casada com a destinação dos recursos. Isso é uma coisa que a gente tem olhado", resumiu.


Como é a correção hoje?

A correção dos depósitos em caderneta de poupança está atualmente atrelado à Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira que é definida pelo Banco Central.


Pela regra em vigor desde 2012, quando a Selic está em até 8,5% ao ano, a correção da poupança é limitada a 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017).



Atualmente, a taxa de juros está em 7,75% ao ano. Com isso, a poupança rende 5,43% ao ano, ou 0,44% ao mês.


A caderneta de poupança tem, segundo resolução do Banco Central, a "finalidade promover o financiamento imobiliário em geral, por meio da captação e do direcionamento dos recursos de depósitos de poupança".


Ou seja, o setor imobiliário capta recursos através das cadernetas de poupança, entre outros investimentos, para financiar a construção de imóveis, por exemplo.


Num cenário de subida de juros, o setor imobiliário demonstra preocupação com o aumento dos saques na poupança.


De janeiro a outubro deste ano, foi registrada saída líquida (saques superiores às retiradas) de R$ 30,779 bilhões da poupança, segundo dados do Banco Central. Foi a maior retirada de recursos para o período desde 2016, quando houve a saída de R$ 53,251 bilhões da modalidade. A série histórica do Banco Central começa em 1995.


Mudança em fases

Campos Neto ponderou, contudo, que qualquer mudança na fórmula de remuneração da poupança precisa ser feita em fases.


"A poupança tem várias conexões de direcionamento, o que faz com que a mudança seja bastante traumática. Você tem que fazer faseada, numa forma bastante lenta, porque, senão, você pode criar ruptura em 'funding' [crédito] e algumas coisas", ponderou.



Ele afirmou que uma eventual mudança passaria por consulta pública.


"Como é mudança bastante profunda, precisa, muito provavelmente, ser feita com consulta pública, escutando a todos, para ter certeza que a gente vai fazer uma coisa que vai beneficiar o setor financeiro", explicou.


Fonte: g1

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