O auxílio emergencial e a popularização das chamadas instituições de pagamento, que ofertam cartões pré-pagos, aplicativos via telefone celular e também "maquininhas" para venda de produtos e serviços por pessoas físicas, entre outros, aumentou a inclusão no sistema financeiro em 2020, informou o Banco Central nesta quinta-feira (11).
Segundo o Relatório de Cidadania Financeira, divulgado pela instituição, o percentual de adultos (mais de 15 anos) com relacionamentos com o sistema financeiro atingiu 96% em 2020, contra 86,5% em 2017, 87% em 2018 e 89% em 2019. Somente no ano passado, 14 milhões de brasileiros foram incluídos no sistema financeiro nacional.
Além de bancos e instituições de pagamento, o sistema financeiro também engloba cooperativas, instituições de crédito e movimentações no mercado de capitais. Com isso, os dados abrangem adultos com conta corrente, poupança, conta de investimento ou de pagamento.
"A pandemia da Covid-19 trouxe enormes desafios à sociedade brasileira, demandando do poder público ações para enfrentar seus efeitos econômicos. No Brasil, houve, entre outras iniciativas, a introdução de um auxílio financeiro para parte da população: o Auxílio Emergencial. Esse auxílio teve como efeito imediato a abertura de milhões de novas contas para o seu recebimento, o que explica, em parte, o aumento significativo de novos relacionamentos em 2020", informou o BC.
Além disso, segundo o BC, também ocorreu em 2020 uma "diversificação de provedores" que mudou o panorama das instituições que proveem serviços financeiros ao cidadão brasileiro, com destaque para as chamadas IPs [instituições de pagamentos], que foram responsáveis, de acordo com a instituição, por cerca de 30% dos 14 milhões de novos relacionamentos estabelecidos no ano passado.
Instituição de pagamento, explicou o Banco Central, é aquela que viabiliza serviços de compra e venda, e movimentação de recursos online, sem dinheiro em espécie. Elas ofertam, entre outros, os cartões pré-pagos, aplicativos via telefone celular e, também, as chamadas "maquininhas" que possibilitam vendas de produtos e serviços por pessoas físicas.
De acordo com o BC, o aumento da participação das instituições de pagamento "evidencia o crescimento da demanda por canais de relacionamento digitais".
A instituição informou que 30,9% da população adulta do Cadastro Único de programas sociais possuía conta em instituição de pagamento em 2020, contra 9,4% em 2018. Entre as instituições de pagamento, por exemplo, estão a PagSeguro, a Picpay, o Paypal e a Redecard.
O BC informou ainda que, dos 68 milhões de beneficiários do auxílio emergencial em 2020, 38 milhões pleitearam os valores pelo aplicativo da Caixa, o Caixa Tem, que abre conta poupança para os beneficiários. Porém, parte deles já possuía relacionamento anterior com o sistema financeiro.
Agências bancárias caem
De acordo com o relatório do BC, o número de agências bancárias caiu em 2020, para 18.901, contra 21.184 em 2018, ao mesmo tempo em que os chamados postos de atendimento cresceram para 18.050 no ano passado (em comparação com 15.898 em 2018). Os correspondentes bancários também subiram nesta comparação, atingindo 210 mil em 2020.
Os postos de atendimentos geralmente são instalados em prédios interno de entidade da administração pública ou de empresa privada. Já os correspondentes bancários são empresas contratadas por instituições financeiras para a prestação de serviços de atendimento, como as lotéricas, por exemplo.
"A presença física do sistema financeiro foi fortalecida com o aumento da quantidade de postos de atendimento (PAs) e correspondentes bancários, apesar da redução na quantidade de agências. O Brasil continua a ter pelo menos um canal de atendimento em todos os municípios", informou o Banco Central.
Em 2019, segundo o BC, houve queda de 14% no número de transações pelo internet banking, ao mesmo tempo em que transações realizadas por meio de telefones celulares (smartphones) aumentaram em 56% no período de 2018 a 2020.
"Essa tendência evidencia que a população, principalmente a parcela mais jovem, está cada vez mais conectada ao sistema financeiro pelos celulares, utilizando os aplicativos para realizar suas transações", acrescentou.
Desigualdade no acesso ao crédito
Segundo o BC, dados sobre acesso ao crédito bancário mostram forte desigualdade entre as classes de renda. O relatório revela que. no final de 2020, o saldo de crédito era de R$ 258 bilhões para a população de baixa renda e de R$ 914 bilhões para a população de renda média.
Já o saldo de crédito acumulado pelos 10% da população de renda alta foi de aproximadamente R$ 1 trilhão, cerca de quatro vezes a carteira da faixa de menor renda, "sendo que o saldo do estrato de 1% com renda mais alta foi de R$ 396 bilhões".
"Em termos de quantidade de clientes, percebe-se que, nas modalidades de cartão de crédito e de empréstimo com consignação em folha, há uma participação maior da população de baixa renda. Para a faixa de alta renda, a participação nas modalidades de crédito habitacional, veículos, rural e agroindustrial se destaca em relação ao restante da população", acrescentou.
Fonte: g1
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