Em depoimento à Polícia Civil de Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, a ex-funcionária da rede de farmácias São João confirmou ter enviado a mensagem com teor discriminatório, que viralizou na internet. Ela prestou depoimento na noite de quarta-feira (27).
O celular funcional, usado pela funcionária para enviar a mensagem, também foi entregue para a polícia na quarta. O aparelho será encaminhado para a perícia. O g1 entrou em contato com a rede de farmácias e solicitou um posicionamento, mas até a última atualização dessa reportagem, não havia obtido retorno. No último dia 22, a empresa se manifestou por nota. Leia abaixo.
No áudio, a mulher dá orientações para a contratação de equipes e pede que evitem "pessoas muito tatuadas" ou "muito gordas", além de pessoas de orientação sexual abertamente LGBTQIA+.
"Se pegar alguém, com todo respeito, viado e tudo mais, tem que ser uma pessoa alinhada, que não vire a mão e desmunheque", diz a funcionária.
Segundo Breier, o diretor-jurídico da rede de farmácias prestou depoimento à Polícia Civil na terça (26). A funcionária foi desligada pela empresa no dia 21 de outubro.
"Estamos dispostos e abertos. É um fato isolado, mas que causou um prejuízo enorme", diz.
A polícia não dá detalhes da investigação. A delegacia trabalha com a hipótese de homofobia, que é equiparado ao crime de racismo. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão.
O caso
O conteúdo foi atribuído à rede de farmácias São João, que não é mencionada no áudio. Inicialmente a empresa informou, em comunicado publicado no dia 18, que "as informações são falsas". No dia 22 de outubro, a rede informou que apurou o caso em uma sindicância interna, confirmando a mensagem.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) também instaurou um inquérito para apurar o caso, sob a responsabilidade da procuradora Patrícia de Mello Sanfelici Fleischmann.
Nota da São João (22/10/2021)
A Rede de Farmácias São João vem, por meio de nota, novamente, reafirmar seu compromisso e respeito incondicional com a diversidade e inclusão. Como já foi comunicado, a empresa repudia toda e qualquer manifestação que possa contrariar ao ideal e valores de respeito aos direitos humanos. Há consciência de que a pluralidade é direito de todos e faz parte da Democracia em qualquer Estado de Direito, sendo que ratifica e solidifica o desenvolvimento sustentável e a preservação das liberdades individuais.
Neste cenário, nossa Política Interna repudia veementemente toda e qualquer forma de preconceito. Opiniões que contrariem esse ideal, não refletem nossos valores e princípios. A partir desse pressuposto, o processo de contratação promove a diversidade, a inclusão e a cultura de vedação de quaisquer tipos de discriminação. Uma simples visita as lojas podem comprovar que esse é um compromisso real.
Em decorrência do áudio veiculado nas mídias sociais, informamos que no dia 18/10/2021, foi instaurado o procedimento de Sindicância Administrativa Interna para apuração e conhecimento da amplitude dos fatos, para a identificação de sua autoria e responsabilidades administrativas.
Foi realizada averiguação dos fatos, com respeito ao contraditório e a ampla defesa, colhido os depoimentos internos e ao final, constatou-se que o áudio foi enviado por uma colaboradora sem o conhecimento da Direção e através de um canal paralelo, não reconhecido oficialmente pela empresa. Foi um ato totalmente isolado de uma colaboradora, que não condiz com as práticas da empresa, basta adentrar em nossas lojas.
A Sindicância Interna resultou na aplicação das penalidades expressas na Consolidação da Leis do Trabalho.
Reforçamos nosso compromisso com a comunidade, colaboradores, autoridades e ao final, ficamos à disposição para maiores esclarecimentos, caso necessário.
Departamento Jurídico – Rede de Farmácias São João
Fonte: g1
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