Depois de ser obrigado a recuar nos seus ataques ao Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mirar em temas relacionados à pandemia como seu alvo preferido para embates.
Segundo um interlocutor de Bolsonaro, ele não consegue viver sem “criar uma zona de conflito e de confrontos”.
Um assessor presidencial, crítico do estilo do chefe, diz que ele se “alimenta” de conflitos e que sempre “provoca” um embate numa tática diversionista, para desviar o foco de atenção do que realmente precisaria ser enfrentado.
No caso atual, de vários problemas, como inflação alta, desemprego elevado, crise hídrica grave e pandemia ainda não superada.
Nos últimos dias, o presidente tem evitado atacar o Judiciário, mesmo sendo alvo de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) desfavoráveis a medidas adotadas por ele.
A ministra Rosa Weber suspendeu a medida provisória que mudava o marco civil da internet e o ministro Alexandre de Moraes suspendeu o decreto presidencial que reduzia a possibilidade de rastreio de armas no país. Em nenhum dos dois casos Bolsonaro reagiu, como vinha fazendo até então.
Agora, o presidente volta a mirar preferencialmente na pandemia, embora nunca tenha abandonado totalmente seus ataques a governadores, prefeitos e especialistas da área de saúde. Esse tema estava ficando em segundo plano, mas agora volta a ser o alvo preferido de Bolsonaro.
Ele atacou o prefeito do Rio, Eduardo Paes, chamando-o de “ditador” por determinar que os funcionários públicos tenham a obrigação de se vacinar. Recebeu como resposta de Paes a declaração de que não “dialoga” com a morte.
Além desse episódio, Bolsonaro entrou na polêmica na qual o Ministério da Saúde mandou suspender a vacinação de adolescentes.
O presidente chegou a dizer que a medida de seu governo estava em linha com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ele, a entidade estava recomendando que essa faixa etária não fosse vacinada, o que não confere com as orientações do organismo.
A OMS só disse que os adolescente não devem ser a prioridade até que outros grupos sejam vacinados.
Mais uma vez, o presidente interferiu em questões de enfrentamento da pandemia do coronavírus, na linha negacionista. E, de novo, teve o apoio do ministro da Saúde de plantão, no caso atual, Marcelo Queiroga.
No caso dos ataques ao Judiciário, Bolsonaro recuou porque sentiu que poderia acabar abrindo espaço para a aceitação de um pedido de impeachment. Afinal, até o Centrão mandou o recado para o Palácio do Planalto de que, seguindo nesta toada, ficaria impossível para o grupo manter apoio ao governo.
E recuou também porque os seus ataques ao Judiciário, em tom golpista, estavam gerando turbulência na economia, pressionando o dólar, o que gera mais inflação e leva o Banco Central a ser obrigado a subir ainda mais a taxa de juros.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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