A advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da Prevent Senior, afirmou à CPI da Covid nesta terça-feira (28) que pacientes da operadora de saúde assinavam o termo de consentimento do "kit Covid" sem saber do que se tratava.
"No momento em que eles [pacientes] iam fazer a retirada do medicamento, era passada a seguinte informação: 'Para retirar essa medicação, o senhor precisa assinar aqui". Eles não tinham ciência de que o 'assina aqui' era o termo de consentimento", afirmou Morato.
A advogada é responsável por ajudar médicos a elaborar um dossiê com denúncias envolvendo a Prevent Senior.
O material compilado pela advogada foi entregue à comissão e cita uma série de irregularidades cometidas pelo plano de saúde durante a pandemia de Covid – entre as quais, a ocultação de óbitos pela doença em estudos sobre o "kit Covid" e a prescrição desses remédios sem eficácia.
Segundo o dossiê apresentado à CPI, a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo de Jair Bolsonaro e a Prevent. O "kit Covid"é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), questionou Morato se é verdade que o termo de consentimento era escrito em termos genéricos.
"É verdade que o termo de consentimento para o tratamento era genérico, ele não falava especificamente do tratamento precoce ou da hidroxicloroquina?", questionou o senador.
"Era um termo genérico", confirmou a advogada.
No último dia 22, também em depoimento à comissão, o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito Batista Junior, admitiu que a operadora usou remédios ineficazes contra a Covid, como cloroquina, mas somente com o consentimento de pacientes ou de seus parentes, e que os médicos tinham autonomia para prescrevê-los ou não.
Ele negou que a empresa tenha omitido óbitos.
'Pacto' pela hidroxicloroquina
Morato também relatou à CPI que a Prevent Senior e médicos do chamado "gabinete paralelo" fizeram um pacto para tentar validar a hidroxicloroquina como remédio contra a doença e, assim, tentar evitar um lockdown. O remédio, como a ciência já comprovou, é inútil contra a Covid.
"Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo. Eles desenvolveram uma estratégia: através do aconselhamento de médicos, esse médicos eu posso citar de forma nominal – Anthony Wong, Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto – e que a Prevent Senior ia entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca a qual chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito", disse a advogada.
"O que eles falavam eram em alinhamento ideológico. Tinha que dar esperança para as pessoas ir as ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina", continuou Morato.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!