Vitali Shishov, diretor de uma ONG bielorrussa que estava desaparecido desde segunda-feira (2) na Ucrânia, foi encontrado enforcado em Kiev nesta terça-feira (3).
Shishov tinha 26 anos e dirigia a "Casa Bielorrussa na Ucrânia", uma ONG de ajuda aos cidadãos de Belarus que fugiram do país, que é comandado pelo "último ditador da Europa", Alexander Lukashenko.
O ativista saiu para correr na segunda de manhã em Kiev e não retornou para casa. Uma das hipóteses investigadas é de "assassinato camuflado como suicídio", segundo a polícia ucraniana.
"O cidadão bielorrusso Vitali Shishov, desaparecido ontem em Kiev, foi encontrado enforcado hoje em um dos parques de Kiev, perto do local em que residia", afirmou a polícia em um comunicado.
A ONG de Shishov denunciou o regime de Lukashenko de estar por trás do assassinato.
"Não há nenhuma dúvida de que é uma operação planejada pelos 'chekistas' [termo para designar as forças de segurança bielorrussas] para liquidar um bielorrusso que representavam um verdadeiro perigo para o regime", afirmou a "Casa Bielorrussa na Ucrânia".
"Vitali era vigiado e a polícia [ucraniana] havia sido informada a respeito. Fomos advertidos em várias ocasiões, tanto por fontes locais como por pessoas em Belarus, sobre todo tipo de provocações, que poderiam chegar ao sequestro e morte", completou a ONG.
Outra ONG bielorrussa de defesa dos direitos humanos, a Viasna, diz que Shishov já havia sido seguido por "desconhecidos" durante suas corridas.
Fuga da Ucrânia
Shishov fugiu para a Ucrânia em 2020, após participar de protestos contra o governo bielorrusso em Gomel, no sul de Belarus, e de ter "expressado oposição ativa" às autoridades.
Vários bielorrussos tiveram de deixar o país, principalmente para Ucrânia, Polônia e Lituânia, em um período de intensa repressão do regime de Lukashenko à oposição.
O ditador governa desde 1994 a ex-república soviética que fica entre a União Europeia e a Rússia e se reelegeu em 2020 em eleições que não foram reconhecidas pela comunidade internacional.
A disputa eleitoral foi seguida de protestos históricos da população, que foram duramente reprimidos pelo governo.
Repressão nas Olimpíadas
O caso de Vitali Shishov acontece um dia após o incidente com a atleta bielorrussa Krystsina Tsimanuskaya nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Ela afirmou ter sido obrigada a abandonar a competição e ameaçada de ser enviada de volta a Belarus depois de criticar a federação de atletismo do país nas redes sociais.
A velocista de 24 anos pediu ajuda ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e se refugiou na embaixada da Polônia, país que concedeu visto humanitário à atleta.
Fonte: France Presse
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