O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta quarta-feira (7) que as variantes do coronavírus estão "vencendo uma corrida contra as vacinas" por conta das desigualdades na distribuição e aplicação entre os países.
"As variantes estão, neste momento, vencendo a corrida contra as vacinas por conta de uma produção e distribuição desigual das vacinas", disse Ghebreyesus em entrevista coletiva.
Ele também criticou o que chamou de "nacionalismo das vacinas" e disse que isso poderá atrasar ainda mais uma recuperação econômica mundial.
"O nacionalismo das vacinas, quando um punhado de nações pegam a maior fatia do bolo, é moralmente indefensável e ineficaz sob uma perspectiva de saúde pública", disse o diretor-geral.
Ghebreyesus reforçou o que vem dizendo publicamente de que enquanto países ricos vacinam crianças, e até mesmo já consideram doses de reforço, países pobres continuam sem proteger profissionais da saúde que atuam na linha de frente.
"[É uma estratégia ineficaz] contra um vírus respiratório que sofre mutações muito rapidamente e que está se tornando, cada vez mais, mais eficaz em sua transmissão entre humanos", explicou.
'Mistura tóxica'
O diretor-executivo de emergências da OMS, Mike Ryan, alertou que países que estão suspendendo restrições, com baixa cobertura vacinal e com variantes estão promovendo uma "mistura tóxica".
"É uma mistura tóxica real para seus hospitais, que vão se encher novamente, e isso é algo que deve ser absolutamente evitado", disse Ryan.
Variante delta
Em meados de junho, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, alertou que a variante delta do coronavírus vinha se tornando dominante no mundo por conta de sua "maior transmissibilidade".
Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes.
Quanto mais circula (transmitido de uma pessoa para outra), mais ele faz replicações – e maior é a probabilidade de ocorrência de modificações no seu material genético.
Mas isso não significa que ela seja resistente às vacinas. A chefe do programa de emergências da OMS, Maria van Kerkhove, afirmou que as vacinas conseguem reduzir casos graves de Covid-19.
Ela reafirmou, no entanto, que as duas doses da vacina – quando a aplicação é feita em duas doses – são importantes para garantir a proteção completa.
Kerkhove também e alertou para o surgimento de uma "constelação de variantes" no futuro que pode se tornar um problema para a imunização se ela não for acelerada.
"A boa notícia é que até agora as vacinas funcionam contra a delta", disse a cientista. "Mas pode haver um momento em que surja uma 'constelação de mutações' e tenha uma contra a qual elas percam sua potência. É isso que queremos evitar o máximo que pudermos."
Fonte: G1
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