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quarta-feira, julho 07, 2021

Superfaturamento é assunto em troca de mensagens no celular de vendedor de vacinas

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A CPI da Covid retirou o sigilo das mensagens de celular do policial militar vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti.


A comissão descobriu que ele já falava em superfaturamento muito antes do jantar do dia 25 de fevereiro com o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. Nesse dia, Dominguetti teria ouvido o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.


Nas mensagens, há um contato de Dominguetti com o coronel Romualdo, que chegou a ser citado por ele no depoimento à CPI em 1º de julho, no momento em que relatou o pedido de propina de US$ 1 por dose que teria sido feito por Roberto Dias, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde.


Dominguetti Pereira – Eu pedi ajuda a um coronel da polícia militar de minas gerais, para que ele interviesse para que a informação chegasse a quem de direito, que as vacinas estariam à disposição.


Senador Randolfe Rodrigues – Quem é esse coronel da Polícia Militar?


Dominguetti Pereira – Coronel Romualdo, excelência.


No dia 6 de fevereiro, há um registro de uma ligação de Dominguetti para Romualdo, que responde que passou "para a frente a sua demanda”.


Em 8 de fevereiro, ele pergunta a Dominguetti se “aquele assunto evoluiu”.



Dominguetti responde: “Parece que vamos conseguir o que é certo e justo”. “Porém, já falei que, coisa errada, não conte comigo”.


O coronel pergunta: “O camarada lá no MS recuou?”


Dominguetti responde: “A atravessadores, sim”. E diz que o “que eles queriam é loucura”.


Romualdo fala: “Importante ver quem está nesse esquema lá no MS, identificar o servidor, para monitorá-lo”.


Dominghetti responde: "Sim".


A conversa continua.


O coronel diz: “Passei essa situação para frente no fim de semana... Estão me pedindo mais detalhes”.


Dominghetti diz que naquele dia haviam ligado para ele e dito que “iam avançar, mas não posicionaram ainda nada.”


O coronel responde perguntando quem ligou e diz: “Para a coisa chegar no presidente... tem que ter informação correta”.


Não está claro se era referência ao presidente Jair Bolsonaro.


Dominguetti concorda, e o coronel diz que passaria contato dele para um assessor do deputado Junio Amaral (PSL-MG).


Dominguetti encaminha uma imagem de outra mensagem e diz: “Cmt absurdo!” e “Queriam que eu superfaturado o valor da vacina para 35 dólares”. "Falei que ninguém fazia".


O coronel responde “Absurdo”.


E Dominguetti diz: “Tá assim lá” e “neste momento”.


No mesmo dia, o coronel Romualdo diz: "Você me falou de um Dias no MS... Será esse?


E envia um link de uma reportagem que informa o cancelamento da indicação de Roberto Dias para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), depois de denúncias.


Dominguetti manda uma imagem de Roberto Dias, falando: “Se for este, matou a charada”.


E depois confirma: “Ele quem assina as compras e contratos no ministério”.


O coronel Romualdo diz: "Pois é, pilantra".


E Dominguetti responde: "Bem, vamos ver o que eles resolvem lá". "Se depender dele, povo morre". "Se ele não receber o dele por fora".



No mesmo período em que Dominguetti troca mensagens com o coronel Romualdo, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, procurou Cristiano Carvalho, representante oficial da empresa Davati no Brasil. As informações foram publicadas pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmadas pela TV Globo.


No dia 3 de fevereiro, Roberto Dias entrou em contato com Cristiano Carvalho se apresentando como diretor do ministério. A partir dali, eles começaram a trocar mensagens e telefonemas sobre a venda de vacina.


No dia 4, Cristiano Carvalho encaminhou documentos sobre autorização para venda de vacinas e depois escreveu: "Bom dia, Roberto. Desculpe, estava negociando para o MS Brasil. O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (europa). Preciso da loi e gov authorization”.


No dia 9, Roberto Dias ligou três vezes para Carvalho, mas não foi atendido.


Em depoimento à CPI, Dominguetti disse que recebeu o pedido de propina no dia 25 de fevereiro, no jantar em um restaurante em Brasília - 17 dias depois desse diálogo que teve com o coronel Romualdo, que já indicava a pressão para superfaturar o valor da vacina.


Também estava no jantar o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, que trabalhava na diretoria de Roberto Dias. Segundo Dominguetti, foi quando Roberto Dias pediu propina de US$ 1 por dose de vacina.


Integrantes da CPI estão intrigados com uma mensagem de Dominguetti ao tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde, que trabalhava na diretoria de Roberto Dias.


No dia 8 de março, em meio ao registro de ligações entre Dominguetti e Blanco, Domingueti escreveu:


Dominghetti: "Vamos depositar US$ 1 milhão agora"


A CPI ainda não sabe se o dinheiro foi efetivamente depositado por quem, na conta de quem, e a troco de quê.


Fonte: G1

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