O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou durante a reunião desta quinta-feira (8) da comissão que as Forças Armadas fizeram uma "intimidação", mas que a comissão continuará investigando "haja o que houver".
Renan deu a declaração ao comentar uma nota divulgada na quarta (7) pelo Ministério da Defesa.
A carta é assinado pelo ministro Braga Netto e pelos comandantes das três forças: almirante Almir Garnier Santos (Marinha); general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Exército); e brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Força Aérea).
Os militares responderam a uma frase do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Na CPI, Aziz disse que fazia muito tempo que o país não via tantos militares envolvidos em "falcatrua", numa alusão aos investigados pela CPI que são de carreira militar.
Na nota, o ministro e os comandantes disseram que as "Forças Armadas "não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro".
Renan viu na nota uma ameaça e defendeu o trabalho da CPI.
"Esse precedente do Braga Netto ontem [quarta] é um precedente inusitado. Essa CPI, que é uma instituição da República, não pode ser ameaçada sob pretexto nenhum", afirmou o relator.
Para Renan, a CPI não vai investigar instituições, e sim a participação de pessoas em ações na pandemia que eventualmente tenham levado a mortes evitáveis. Segundo o relator, não importa se o responsável é civil ou militar.
"Estamos investigando e retirando a máscara de um esquema que funcionava no Ministério da Saúde que proporcionou o agravamento do número de mortes de brasileiros em função da Covid. Ora, se isso vai desvendar a participação de civil ou militar, não importa", continuou o relator.
Renan disse ainda que o Brasil respeita as Forças Armadas. O senador afirmou que eventuais irregularidades cometidas pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (general da ativa), pelo presidente Jair Bolsonaro (capitão da reserva) ou pelo ex-secretário-executivo da Saúde Élcio Franco (coronel da reserva) não contaminam as Forças.
"O Brasil todo respeita as Forças Armadas e o exemplo que ela pode continuar dando [...] Mas não pode confundir o nosso papel nem achar que vai nos intimidar. Nós vamos investigar, haja o que houver. Se o Pazuello participou do morticínio, se o Bolsonaro participou do morticínio, se o Elcio participou do morticínio, eles participaram do morticínio, mas não contaminam as Forças Armadas", completou Renan.
Íntegra
Leia a íntegra da nota do Ministério da Defesa:
MINISTÉRIO DA DEFESA
NOTA OFICIAL
Brasília, DF
Em 7 de julho de 2021
O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha e do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de junho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção,
Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.
Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.
As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.
Walter Souza Braga Netto
Ministro de Estado da Defesa
Alte Esq Almir Garnier Santos
Comandante da Marinha
Gen Ex Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Comandante do Exército
Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista Junior
Comandante da Aeronáutica
Fonte: G1
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