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quinta-feira, julho 08, 2021

Polícia do Haiti prende 6 suspeitos de matar o presidente

Forças de segurança do Haiti anunciaram nesta quinta-feira (8) que estão presos 6 suspeitos de assassinar a tiros o presidente do país, Jovenel Moise, na madrugada de quarta-feira (7). A agência Associated Press, citando fontes do governo, disse que duas pessoas com cidadania nos Estados Unidos estão entre os detidos. Um deles seria um ex-guarda-costas da embaixada canadense.


Membros da polícia haitiana procuram evidências fora da residência presidencial em Porto Príncipe, em 7 de julho de 2021, onde o presidente do Haiti, Jovenel Moise, foi assassinado a tiros na madrugada — Foto: Valerie Baeriswyl/AFP


Segundo a agência de notícias Reuters, imagens transmitidas ao vivo por vários meios de comunicação haitianos mostraram o momento das prisões.


Autoridades disseram que a polícia e o exército cercaram o grupo desde quarta e conseguiram prendê-los após intensa troca de tiros. Ao todo, sete pessoas considerada suspeitas no complô e no assassinato foram mortas.


Centenas de moradores gritavam do lado de fora da delegacia para onde os suspeitos foram levados, na capital Porto Príncipe, gritando "queimem-nos" e ateando fogo a um veículo que seria dos assassinos, de acordo com a Reuters.


A polícia haitiana já havia divulgado na noite de ontem a prisão de dois mercenários e a morte de outros quatro que estariam envolvidos na execução de Moise. Três policiais que eram mantidos como reféns foram libertados.


Laurent Lamothe, ex-primeiro-ministro do Haiti, divulgou nas redes sociais nesta quinta uma imagem de dois suspeitos presos. Não está claro se a foto é dos detidos de ontem ou de hoje.


Lamonthe afirmou que eles são mercenários estrangeiros e "importantes testemunhas para determinar quem os pagou para matar nosso presidente" (veja na imagem abaixo).


O ex-premiê ocupou o cargo entre 2012 e 2014.


Laurent Lamothe, ex-primeiro-ministro do Haiti, divulga imagem de quem ele diz ser suspeitos pela morte do presidente do país, Jovenel Moise, assassinado a tiros em casa em 7 de julho de 2021 — Foto: Reprodução/Twitter/Laurent Lamothe


Presidente assassinado

Jovenel Moise foi morto a tiros em sua casa, na capital Porto Príncipe, na madrugada de quarta. A primeira-dama, Martine Moise, foi baleada, hospitalizada e depois transferida para os Estados Unidos, onde está internada em estado grave (porém estável).



O Haiti vive uma grave crise política, econômica e social, com aumento da violência e da pobreza e o governo incapaz de combater a pandemia e de aplicar um programa de imunização contra a Covid-19.


Além disso, Moise dissolveu o Parlamento e governava por decreto há mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.


Desde que assumiu o cargo, em 2017, Moise enfrentou protestos em massa contra seu governo —primeiro por alegações de corrupção e por sua gestão da economia, depois por seu crescente controle do poder.


Em fevereiro, autoridades do país disseram ter frustrado uma "tentativa de golpe" de Estado contra o presidente, que também seria alvo de um atentado malsucedido.


Premiê (e presidente) interino

Nesta quinta, o primeiro-ministro interino do Haiti, Claude Joseph, assumiu provisoriamente o comando do país. Foi o político que anunciou o assassinato do presidente.



Horas após o crime, ele decretou estado de sítio em todo o país, sob a justificativa de reforçar o poder do Executivo e investigar a morte de Moise e os objetivos do assassinato. "Esta morte não ficará impune", declarou Joseph em discurso à nação.


A execução de Moise mudou o que havia sido planejado para o premiê. O seu substituto, o médico Ariel Henry, já havia sido anunciado, mas ainda não tinha tomado posse formalmente por decreto.


Como a transmissão de cargo não ocorreu, Joseph segue como primeiro-ministro interino (e agora também como presidente interino).


Mas Henry afirmou ao jornal haitiano "Le Nouvelliste" que não considera Joseph o primeiro-ministro legítimo. "Acho que precisamos conversar. Claude deveria permanecer no governo que eu teria".


O então presidente do Haiti, Jovenel Moise (ao centro), caminha junto à primeira-dama, Martine Moise; e o primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph (à direita), em 18 de maio de 2021, durante cerimônia do 218º aniversário da criação da bandeira haitiana. Moise foi assassinado a tiros em casa, em 7 de julho de 2021, e a primeira-dama foi baleada no ataque noturno e hospitalizada. No dia seguinte, Joseph assumiu como presidente interino. — Foto: Joseph Odelyn/AP


Legitimidade

Há uma outra questão de legitimidade, que coloca a liderança do premiê em xeque: pela Constituição, Joseph não está na linha de sucessão por ocupar o cargo interinamente e porque o Parlamento nunca aprovou o seu nome formalmente.


A situação acontece porque, na prática, não há Parlamento: o mandato de uma parcela de legisladores já terminou, mas as eleições para preencher as vagas não foram realizadas em 2019.


Moise governava por decretos presidenciais desde janeiro de 2020 — e, portanto, nenhuma decisão era ratificada pelo Legislativo.


O próximo na linha sucessória, segundo a Constituição do Haiti, seria o presidente da Suprema Corte, René Sylvestre, mas ele morreu de Covid-19 no mês passado, e ainda não foi escolhido o seu substituto.


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Imagem de dezembro de 2020 de um protesto em Porto Príncipe, no Haiti — Foto: Dieu Nalio Chery/AP


Fonte: G1

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