A eventual manipulação de documentos da Covaxin é grave, pode envolver assessores do governo Jair Bolsonaro e será investigada profundamente, disse ao blog o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Na terça-feira (6), durante sessão da CPI, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou uma série indícios de que as notas eletrônicas internacionais (invoices) mostradas por ministros no Palácio do Planalto para defender o governo foram manipuladas.
Segundo a senadora, análise feita nos documentos indicam que a marca e o logotipo da Madison, que receberia o pagamento pela venda de vacinas Covaxin, estão desenquadrados, há desalinhamentos em alguns pontos, erros de inglês e português, mistura de idiomas e divergência na quantidade de doses.
"A informação trazida pela senadora Simone Tebet é muito grave. Temos de investigar se assessores do governo adulteraram os documentos de compra da Covaxin, se foi a atravessadora no Brasil quem manipulou, tudo será investigado profundamente", disse o presidente da CPI.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou ao blog que tudo indica que a comissão está diante de um caso de falsidade ideológica, uma fraude em documentos para defender o governo. Segundo eles, os documentos serão periciados o mais rápido possível.
Durante entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, e o assessor especial da Casa Civil, Élcio Franco, acusaram o chefe de importação do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda, de fraudar a primeira invoice apresentada pela Madison, que pedia um pagamento antecipado de US$ 45 milhões, não previsto no contrato de compra das vacinas da Bharat Biotech, intermediada pela Precisa.
Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro, os irmãos Miranda relataram pressões para a liberação da importação da Covaxin com ilegalidades, como o pagamento a uma empresa que não estava no contrato, no caso a Madison, e que ele fosse feito de forma antecipada. Na época, o presidente teria prometido passar as denúncias para a Polícia Federal investigar, o que não aconteceu.
Para defender o presidente, Onyx Lorenzoni e Élcio Franco, que foi secretário executivo de de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, mostraram documentos que seriam os verdadeiros, enquanto o que Luís Ricardo Miranda teria levado a Bolsonaro seria adulterado. Agora, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) apontou uma série de indícios de manipulação nos documentos apresentados pelo governo.
"O caso é gravíssimo, documentos forjados usados para defender o governo", disse Randolfe.
A informação de que os documentos foram manipulados gerou tensão dentro do Palácio do Planalto. Segundo assessores, o presidente Bolsonaro vai cobrar do seu ministro Onyx Lorenzoni uma explicação para o caso. "Se a manipulação for confirmada, o governo fica numa situação muito ruim, porque os documentos foram mostrados dentro do Planalto", disse um assessor ao blog.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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