A diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, negou nesta quarta-feira (14) à CPI da Covid que a empresa tenha recebido ajuda da diplomacia brasileira ao negociar a importação de doses da vacina indiana Covaxin.
"Não, senhor. Começamos 100% de forma privada, através de buscas da equipe técnica da Precisa, sem nenhum apoio", afirmou Emanuela em resposta ao relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
A CPI apura todo o processo de negociação da Covaxin, intermediado pela Precisa Medicamentos e suspenso após denúncias de irregularidades. O imunizante é o mais caro negociado pelo governo até agora, e a Precisa não tem relação com a indústria de vacinas.
Além da comissão, investigam as negociações a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União
No fim de junho, o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou requerimento de convocação do embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago. A convocação não foi votada até o momento.
Segundo Randolfe Rodrigues, comunicações do Itamaraty informam que o embaixador André do Lago se reuniu mais de uma vez com Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos.
Repasses a entidades
Ao ouvir a negativa de Emanuela Medrades, Renan Calheiros fez um contraponto. Afirmou ter informações de que a Precisa Medicamentos transferiu à Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Índia R$ 500 mil em 17 de fevereiro, e outros R$ 500 mil em 23 de fevereiro.
"A assinatura do contrato com o Ministério da Saúde foi em 25/02, como se sabe. Representantes dessas entidades viajaram várias vezes à Índia nos mesmos períodos que a delegação da Precisa viajou. E uma delas, relatada em correspondência do embaixador em Nova Délhi", declarou Calheiros, sem fazer nova pergunta.
Precisa
A Precisa Medicamentos atua como representante da empresa Bharat Biotech no Brasil. A empresa virou alvo da CPI após Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, ter relatado indícios de irregularidades no contrato para compra de 20 milhões de doses no valor de R$ 1,6 bilhão.
A negociação bilionária foi intermediada pela Precisa, e a dose da Covaxin foi mais cara do que as de outros laboratórios. Luis Ricardo Miranda relatou pressões de superiores no Ministério da Saúde para agilizar a liberação do imunizante.
No fim do mês passado, em meio às denúncias de corrupção, o governo anunciou a suspensão do contrato até a conclusão de uma auditoria pela Controladoria-Geral da União.
Fonte: G1
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