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quarta-feira, junho 02, 2021

PM de Pernambuco troca comando e afasta oficiais três dias depois de ação violenta durante protesto no Recife

O governo de Pernambuco anunciou, nesta terça-feira (1º), a mudança no comando da Polícia Militar. A exoneração do coronel Vanildo Maranhão ocorreu três dias depois de uma ação violenta de PMs que deixou feridos, presos e provocou reação sobre a conduta da tropa, durante protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no sábado (29), no Centro do Recife (veja vídeo acima).


O coronel Vanildo Maranhão, segundo o governo, foi substituído pelo coronel José Roberto Santana. O oficial, que ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM, será nomeado na quarta (2). O estado também afastou mais dois oficiais, além dos cinco já punidos no dia da operação.


Comandante da PM de Pernambuco, coronel Vanildo Maranhão, pediu exoneração, segundo o governo do estado, e deixa o cargo — Foto: Reprodução/TV Globo


Por meio de nota, o estado informou que “o governador Paulo Câmara (PSB) "aceitou o pedido de exoneração" do comandante da Polícia Militar, Vanildo Maranhão, feito no início da noite desta terça-feira”.


Em pronunciamento pela internet, Câmara disse que analisou "incessantemente imagens, relatos e videos de todo o ocorrido na manifestação do último sábado".


Diante disso, o governador afirmou que conversou com o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, e com o comandante da PM sobre a posição "de que aquela ação não condiz com as tradições e valores da Polícia Militar de Pernambuco, uma instituição quase bicentenária e de tantos serviços prestados".


Coronel José Roberto Santana é o novo comandante da PM de Pernambuco — Foto: Reprodução/Redes sociais


O chefe do Executivo também agradeceu ao coronel Vanildo "pelos anos de dedicação ao Pacto pela Vida e ao governo".


Afirmou, ainda, que conta com o trabalho do coronel Roberto "para que tenhamos sempre uma polícia dura contra o crime, mas que seja guardiã dos direitos humanos e da cidadania".


"Não uma polícia que atire no rosto das pessoas ou que impeça alguém ferido de ser socorrido, mas uma polícia que represente os anseios de uma sociedade pacífica, plural e democrática. Esses princípios são inegociáveis e deles jamais vamos abrir mão",

Sobre os procedimentos abertos para apurar a conduta dos PMs, o governo disse que “as investigações sobre as responsabilidades das agressões praticadas por policiais militares durante a manifestação ocorrida no último sábado no centro do Recife continuam”.



Por fim, a nota afirma que “há procedimentos investigatórios instaurados pela Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social e pela Polícia Civil”.



PMs atiraram balas de borracha e gás lacrimogêneo contra participantes de protesto contra Bolsonaro no Recife — Foto: Agência JCMazella/Sintepe/Divulgação


Violência

A ação truculenta deixou pessoas feridas e duas delas tiveram perda parcial de visão. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por spray de pimenta no rosto. O cantor Afroito foi preso na manifestação e disse que temeu ser sufocado


Ainda no sábado (29), a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) declarou que o estado não tinha determinado a ação. O governador Paulo Câmara informou, no mesmo dia, que tinha afastado o comandante da ação e policias envolvidos.



No entanto, até esta terça, o estado ainda não tinha divulgado os nomes dos PMs punidos. Na segunda (31), o secretário de Justiça, Pedro Eurico, repetiu que a ordem não partiu do governo e disse que não "há uma Polícia Militar paralela em Pernambuco".


Antes do anúncio da troca de comando na PM, o secretário de Defesa Social (SDS) esteve, nesta terça, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).


Ele participou de uma reunião na Comissão de Direitos Humanos. mas saiu sem falar com a imprensa. Para os parlamentares, falta esclarecer de onde partiu a ordem para atirar nos manifestantes.


A presidente do colegiado, Jô Cavalcanti, do coletivo Juntas (PSOL), disse que ficaram faltando respostas.


O presidente do Legislativo, Eriberto Medeiros (PP), afirmou que o secretário disse que a ordem não teria partido dele, mas não disse quem determinou a repressão.


Também nesta terça, a Associação Pernambucana de Cabos e Soldados deu uma versão da tropa para a ação violenta de sábado.


Presidente da entidade, Albérisson Carlos afirmou que o Batalhão de Choque não “saiu do quartel a seu bel-prazer”. Declarou também que nenhum “policiamento especializado vai para aquele local por vontade própria e que vai porque quem está monitorando sentiu a necessidade”.


O Ministério Público de Pernambuco abriu um inquérito civil. Nesta terça, o MPPE disse que o secretário Antônio de Pádua foi alertado para o protesto de sábado pela 7ª Promotoria de Justiça e Direitos Humanos, que solicitou que ele orientasse a Polícia Militar para “evitar eventuais excessos”.


Fonte: G1

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