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domingo, junho 27, 2021

Novo computador do Inpe não será capaz de fazer previsões climáticas a longo prazo

O novo equipamento anunciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) como substituto ao supercomputador Tupã assumirá o trabalho, mas com limitação por não ser capaz de fazer previsões climáticas a longo prazo.


Supercomputador que corria risco de ser desligado por falta de energia será substituído — Foto: Divulgação/Inpe


A barreira é técnica e muda a dinâmica, criando um entrave para a evolução do serviço no futuro, mas a chegada do computador garante que serviços essenciais na área serão mantidos, como explica Gilvan Sampaio, coordenador-geral da área de ciências da terra (CGCT).


"Um supercomputador da categoria do Tupã é um de grande porte. O que estamos adquirindo agora é uma máquina de processamento de alto desempenho, mas não chega a ser da mesma categoria. Não serão feitas projeções associadas às mudanças no clima porque este cluster [novo computador] que está sendo adquirido não tem esse poder", explica o pesquisador.

O Inpe anunciou no dia 14 a compra um computador de alto desempenho para substituir o Tupã, em uma parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O equipamento custou US$ 729 mil e deve ser entregue em cerca de 50 dias.


Principal dispositivo do Inpe para previsões climáticas, o Tupã consome R$ 5 milhões em energia ao ano para funcionamento e resfriamento. Por falta de recursos, seria mantido em operação apenas até agosto - atualmente seis dos 14 gabinetes já foram desligados. A nova máquina deve gastar um terço do custo gerado pelo Tupã.



Linha do tempo

Instalado no Inpe em 2010, o Tupã custou US$ 23 milhões e chegou a ser o 29º mais poderoso do mundo à época. A vida útil deste tipo de equipamento costuma ser de cerca de cinco anos.


Sentindo os efeitos da defasagem e diante da falta de verba para aquisição de um novo supercomputador pela instituição, uma emenda parlamentar garantiu a compra do equipamento Cray XC50 em 2017, que se tornou um suporte importante ao Tupã.


"Foi um upgrade com esse anexo que está conectado ao Tupã [o XC50]. Transferimos para ele toda a parte operacional. Todos os modelos que rodam previsão de tempo diariamente e o modelo que faz a previsão climática para os próximos meses", explica Gilvan.


O cientista ressalta que a pesquisa e as projeções climáticas seguem sendo executadas no XC50 - e demandam processamentos que podem chegar a até 50 dias. O equipamento faz a previsão sazonal e o serviço que o Inpe não vai conseguir fazer com o novo computador é a previsão que abrange os próximos anos e décadas.


Também fica comprometida com isso, a inovação e evolução da previsão, que só seria desenvolvida caso houvesse um novo supercomputador.


"Com um equipamento desse porte, teríamos capacidade de fazer uma previsão do tempo na rua em que as pessoas moram", exemplifica Gilvan.


O novo computador do Inpe deve começar a funcionar entre 15 a 30 dias após a chegada porque é necessário um trabalho de adaptação nos códigos. Os pesquisadores ainda estudam como será a transição da operação.


"Esse cluster de alto desempenho [computador novo] que vai atender à parte da pesquisa. Precisaríamos de uma máquina do porte do Tupã para evoluir nessa área", conta o coordenador.


Risco de crise hídrica

Atualmente é com o Tupã que as equipes do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) fazem os relatórios sobre a estiagem no Brasil. Com o alerta de crise hídrica, os documentos são entregues semanalmente ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Sem os dados, o governo ficaria às cegas quanto à gestão do problema.


Fonte: G1

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