O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira (16) diz que vai receber , em julho, 15 milhões de doses da vacina da Pfizer contra a Covid-19. De acordo com a pasta, a previsão inicial era de que 8 milhões de doses chegassem no próximo mês, mas, após conversas com a farmacêutica, o Brasil vai receber uma quantidade maior.
O anúncio ocorre dois dias após uma reunião entre executivos da farmacêutica e representantes do governo, entre eles o presidente Jair Bolsonaro. Acompanhado de ministros, Bolsonaro conversou por videoconferência com o presidente da farmacêutica para a América Latina, Carlos Murillo.
A Pfizer é a empresa que teve ofertas de venda de vacinas contra Covid-19 rejeitadas pelo governo desde o segundo semestre de 2020. O governo afirma que o laboratório estabelecia condições "draconianas" nos contratos. A principal queixa de Bolsonaro e do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, era a de que a Pfizer não se responsabiliza por eventuais efeitos colaterais da vacina.
Cronograma atual
O governo federal assinou dois contratos com a Pfizer, cada um para a compra de 100 milhões de doses. A projeção de entregas de vacinas Covid-19 do Ministério da Saúde, atualizada semanalmente, da última quarta-feira (9) previa o seguinte cronograma de entrega de doses da Pfizer até o final de 2021:
Primeiro contrato:
12 milhões de doses em junho de 2021;
8 milhões de doses em julho de 2021;
76 milhões de doses em agosto e setembro de 2021.
Segundo contrato:
100 milhões de doses no quarto trimestre de 2021.
As remessas entregues até esta segunda-feira foram distribuídas em lotes:
29 de abril: 1 milhão de doses
5 de maio: 628.290 mil doses
12 de maio: 628.290 mil doses
19 de maio: 629.460 mil doses
26 de maio: 629.460 mil doses
1º de junho: 936 mil doses
2 de junho: 936 mil doses
3 de junho: 527.670 mil doses
8 de junho: 526.500 mil doses
9 de junho: 936 mil doses
10 de junho: 936 mil doses
Governo não quis comprar
A Pfizer ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil em agosto de 2020, que poderiam começar a ser entregues em dezembro do mesmo ano. Mas o governo brasileiro não quis. Só depois, em março de 2021, no auge da pandemia, foi firmado um contrato.
A recusa das primeiras ofertas da Pfizer é um ponto da atuação do governo avaliado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga as ações e omissões do governo no combate à pandemia de Covid-19.
Veja o que foi dito até aqui da cronologia dos contatos entre a Pfizer e o governo federal:
15 de agosto de 2020: foi nessa data que, segundo a Pfizer, a farmacêutica ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, com primeiras remessas previstas para dezembro.
12 de setembro de 2020: cúpula do governo brasileiro, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, recebe uma carta da Pfizer, com oferta de doses, segundo o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten.
9 de novembro de 2020: Wajngarten toma conhecimento da carta e descobre que ela está há dois meses sem resposta. O ex-secretário, conforme contou à CPI, decide procurar representantes da empresa.
9 de novembro de 2020: No mesmo dia em que respondeu a Pfizer, segundo Wajngarten, ele foi até Bolsonaro para colocar o presidente da República em contato com presidente da Pfizer no Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, estava presente a essa reunião. Guedes, de acordo com Wajngarten, conversou rapidamente com a Pfizer por telefone e defendeu a vacinação.
17 de novembro de 2020: Wajngarten relata que, nesse dia, teve uma reunião com o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo e a diretora de Comunicação da empresa.
7 de dezembro: nova reunião de Wajngarten com representantes da Pfizer. Desta vez, segundo o ex-secretário, a empresa mostrou a caixa em que as doses são acondicionadas na temperatura necessária para não perderem a validade.
7 de janeiro de 2021: a Pfizer divulga uma nota em que revela que, em agosto de 2020, ofereceu a venda de 70 milhões de doses ao governo brasileiro, mas o contrato foi recusado pelo país.
Março de 2021: no auge da pandemia e do colapso na saúde pública, o governo anuncia assinatura do contrato com a Pfizer para o fornecimento de 100 milhões de doses, distribuídas pelos próximos meses.
Fonte: G1
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