Após uma quadra chuvosa considerada decepcionante por meteorologistas, o interior do Rio Grande do Norte se prepara para lidar com os impactos da estiagem no abastecimento de água. A Defesa Civil Nacional reconheceu, na penúltima semana de junho a situação de emergência em mais três cidades potiguares: Bodó, Passa e Fica e Passagem, que se somam aos outros 75 municípios do Estado que já possuíam o reconhecimento federal da situação de emergência pela seca. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), a região do Seridó foi uma das mais impactadas pelas poucas chuvas de 2021, e alternativas de rodízios mais longos são estudados para a região.
No total, 67 cidades do Rio Grande do Norte já se encontram em situação de rodízio de abastecimento, e quatro (Paraná, Serra do Mel, São Miguel e Luís Gomes) vivem em situação de colapso. Apesar da região Seridó ter apresentado algumas das recargas menos significativas em seus reservatórios, ela não foi a única afetada pela estiagem. As regiões do Sertão Central, Alto Oeste e Oeste também tiveram cidades com o fornecimento prejudicado, segundo a Companhia.
A quadra chuvosa de 2021 foi decepcionante para a maior parte do interior do RN, com uma distribuição de chuvas irregular entre os meses de janeiro e maio. De acordo com a unidade de meteorologia da Empresa de Pesquisas Agropecuárias do RN (Emparn), o acumulado de chuvas até o mês de abril foi cerca de 30% abaixo da média esperada.
De acordo com o Monitor da Seca, ao comparar a situação atual do Estado com a de 2020, houve uma piora generalizada da condição de seca. Enquanto no ano anterior, metade do Rio Grande do Norte não registrava uma situação de seca aparente e a outra metade estava em condição de seca fraca. Já em 2021, o Estado apresentou mais de 80 municípios em situação de seca fraca ou moderada.
Segundo a Caern, outro fator que contribuiu para o agravamento da situação em algumas regiões do Estado foi o aumento do consumo durante o período mais quente do ano, como foi o caso da região do Sertão Central.
As chuvas escassas e irregulares que predominaram no interior, no entanto, não devem se repetir no litoral. Segundo os meteorologistas, a expectativa para o litoral, onde a quadra chuvosa tem início ao fim da quadra do interior, é de chuvas dentro da normalidade. A Caern destacou ainda que, na capital, os mananciais encontram-se com volume para atendimento normal da demanda de abastecimento.
Regiões
Na Sertão Central, apesar de não ter municípios em colapso ou rodízio, a estiagem afetou a frequência do fornecimento de água na região. O principal motivo, segundo a Caern, foi o aumento do consumo no período mais quente do ano. Apesar disso, a situação dos reservatórios da região não representa risco de colapso ou desabastecimento para os municípios no momento.
No Oeste, apesar da região já possuir 12 cidades em situação de rodízio e uma (Serra do Mel) em colapso, não há cidades em risco iminente de colapso, segundo a Caern. As cidades atendidas pelo sistema de adutoras do Médio Oeste, no entanto, podem entrar em rodízio no segundo semestre a depender do volume da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Caso isso aconteça, os municípios afetados seriam: Paraú, Triunfo Potiguar, Campo Grande, Janduís, Messias Targino e Patu.
No Alto Oeste, com 23 cidades em rodízio e três em colapso (Paraná, São Miguel e Luís Gomes), a região é uma das que apresenta os maiores prejuízos no fornecimento de água no RN. Apesar disso, segundo a Caern, o ano de 2021 não foi negativo para a região, e reservatórios importantes que não recebiam água por um longo período de tempo foram recarregados durante a quadra chuvosa. A Companhia afirma que não há risco de colapso em novos municípios do Alto Oeste, e atualmente avalia a retirada de Paraná da lista de cidades em colapso.
O Agreste-Trairi tem 10 municípios em rodízio. Os reservatórios da região receberam poucas chuvas em 2021. De acordo com a Caern, os riachos de Timbó, Salto, das Pedras e Una tiveram pouca recarga, o que impacta diretamente no abastecimento local. Espírito Santo, Várzea, Passagem e Santo Antônio devem enfrentar suspensão ou redução do fornecimento de água durante o segundo semestre, e as 30 cidades atendidas pelo Sistema Adutor Monsenhor Expedito também encontram-se em situação de rodízio. Salvo esses municípios, a região do Mato Grande continuará com abastecimento regular e sem risco de colapso.
No Seridó, uma das mais impactadas pela estiagem de 2021, de acordo com a Caern, há 8 cidades em situação de rodízio. A quadra chuvosa não provocou recargas significativas nos reservatórios, o que impactou diretamente na distribuição. Atualmente, a Caern estuda alternativas e rodízios mais longos. O baixo volume de água identificado no açude Zangalheiras, que atende à cidade de Jardim do Seridó, deixou em alerta a Companhia, e cidades como Currais Novos e Acari devem se preparar para iniciar um rodízio no segundo semestre com o objetivo de ampliar a disponibilidade hídrica da região até 2022, e o município de Cruzeta também está sendo observado pela Companhia.
Fonte: Tribuna do Norte
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