Os documentos enviados pelo governo federal à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid desmentem os depoimentos de aliados do presidente Jair Bolsonaro na comissão. A avaliação é do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), para quem é importante aprofundar a análise dos documentos que já estão em poder da comissão, e dos que ainda vão chegar pela quebra dos sigilos.
A CPI da Covid visa investigar ações e omissões do governo federal e eventuais desvios de verbas federais enviadas aos estados para o enfrentamento da pandemia. A comissão já recebeu uma série de documentos, incluindo informações sigilosas. Nesta quinta-feira (10) a CPI aprovou requerimentos que pediam a transferência do sigilo telefônico e telemático de alvos da investigação.
"Os documentos em poder da CPI, enviados pelo próprio governo, desmentem alguns dos depoimentos de assessores do presidente Bolsonaro. E reforçam o que já estamos comprovando, o governo não priorizou a compra de vacinas, sofreu retaliação da China por causa das críticas feitas ao país asiático", afirmou o senador Omar Aziz.
O presidente da CPI da Covid citou, por exemplo, documento da embaixada do Brasil nos Estados Unidos relatando uma reunião com representantes da Pfizer, que disseram ter enviado ao ex-secretário de Comunicação Social Fábio Wajngarten propostas para venda de vacinas.
"Na CPI, ele disse que não participou das negociações, mas, pelo visto, ele omitiu informações à comissão", afirmou o senador.
O presidente da Comissão mencionou ainda um pedido de reunião com o ex-ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) por parte de autoridades chinesas e que não foi atendido.
Aziz também citou documentos do Itamaraty relatando que a SinoVac, empresa que se associou ao Instituto Butantan, disse a diplomatas brasileiros na China que as críticas feitas ao governo chinês atrapalhavam a exportação de insumos para fabricação de vacinas no Brasil.
"Na CPI, o ex-chanceler garantiu que as críticas feitas pelo presidente Bolsonaro e por ele não influenciavam nas negociações com a China. Os documentos do próprio Itamaraty, que ele comandava, mostram outra coisa", afirmou o presidente da CPI.
Omar Aziz criticou ainda as últimas aglomerações feitas por Bolsonaro e o pedido do presidente para que fosse elaborado um parecer pelo Ministério da Saúde para desobrigar o uso de máscara por quem já se vacinou ou foi contaminado pelo coronavírus.
"O ministro Marcelo Queiroga não tem de fazer estudo nenhum sobre isso, tem é de convencer o seu chefe a usar máscara. Não tem nenhuma lógica não usar máscara em um momento em que a pandemia ainda não foi controlada no país", acrescentou o presidente da CPI da Covid.
Fonte: Blog do Valdo Cruz
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