Os advogados de Carlos Wizard confirmaram nesta quinta-feira (24) a presença do empresário no Senado Federal em 30 de junho, quando ele será ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A chegada dele ao Brasil, no entanto, ainda não tem data definida, afirma a defesa.
A convocação de Wizard foi aprovada diante da suspeita de integrantes da comissão de que ele integre o "gabinete paralelo", que teria assessorado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em assuntos relacionados à pandemia.
O depoimento do empresário estava marcado para 17 de junho, mas ele não compareceu. Segundo a defesa, Wizard foi para os Estados Unidos porque dois familiares estão em tratamento de saúde.
Após a ausência, os advogados fizeram contato com integrantes da CPI e remarcaram o depoimento. A defesa afirma que o empresário "não tem nada a esconder".
Quebra de sigilo e retenção de passaporte
Após o empresário faltar à primeira convocação, a CPI quebrou os sigilos de Wizard, e o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), pediu à Justiça a condução coercitiva e a retenção do passaporte do empresário, que foi determinada pela Justiça Federal de Campinas (SP).
Wizard pretende retornar ao país norte-americano após o depoimento, já que ambos familiares seguem com o tratamento de saúde, disse a defesa. O empresário chegou a pedir para ser ouvido de forma remota, mas a CPI rejeitou.
Conselhos a Pazuello
Carlos Wizard entrou no radar da CPI após ser citado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que confirmou em seu depoimento ter sido aconselhado pelo empresário e que chegou a oferecer um cargo a ele na sua pasta.
Wizard já teria declarado em uma entrevista à TV Brasil ter passado um mês em Brasília em 2020 como conselheiro do então ministro e sido convidado por ele para assumir uma secretaria.
O empresário preferiu não aceitar o cargo para seguir atuando de forma independente junto ao governo federal, que tinha um conselho paralelo ao Ministério da Saúde sobre as ações de combate à pandemia, segundo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).
Em depoimento à CPI, Pazuello afirmou que foi ele quem convidou Wizard a contribuir. Os dois se conheceram em 2018, durante a operação realizada em Boa Vista, em Roraima, para receber o grande número de imigrantes venezuelanos que chegavam ao Brasil fugindo da crise em seu país.
Pazuello coordenou estes esforços em Roraima. Wizard e sua mulher, que são mórmons, atuaram por dois anos em atividades sociais para acolher os venezuelanos no Estado. O empresário e o ex-ministro se tornaram amigos por causa disso.
"Quando fui chamado pra cá, o puxei, e pedi ajuda por ele ser um grande link entre o Ministério da Saúde e a compreensão da parte social, do público", disse Pazuello na CPI.
Fonte: G1
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