A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira (23) a realização de uma diligência para ouvir o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel. Nesse formato, a reunião se dá de maneira secreta, sem a possibilidade de transmissão ou acompanhamento por aqueles que não são senadores.
A nova oitiva de Witzel, agora a portas fechadas, foi pedida após ele dizer ter “fatos graves” a relatar. Em depoimento à CPI na última quarta-feira (16), o ex-governador acusou o governo de Jair Bolsonaro de “perseguição” e “sabotagem” e afirmou que há a atuação de milícias em uma “máfia da saúde” no Rio de Janeiro.
O local da reunião não foi definido. De acordo com o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), os senadores, "de comum acordo", vão definir onde será.
“Quero explicar que não foi decidido nada. No requerimento está dizendo que nós vamos fazer uma diligência para ouvi-lo. Pode ser aqui no Senado, pode ser na Presidência do Senado, pode ser dentro da Polícia Federal do Rio de Janeiro ou dentro da Polícia Federal de Brasília. Ainda nós vamos decidir”, afirmou Aziz.
O presidente pontuou, no entanto, que qualquer senador, seja ele membro ou não da comissão, poderá participar da audiência. Durante o depoimento de Witzel, o senador Flavio Bolsonaro (Patriotas-RJ), filho do presidente da República, foi acusado de intimidar o ex-governador. Ele não integra a CPI.
Quebras de sigilo
Em um desdobramento das declarações de Witzel, a CPI aprovou nesta quarta a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de seis organizações sociais.
De acordo com o ex-governador, esses institutos foram usados para desviar recursos públicos da saúde do Rio. Também houve a aprovação de requerimentos solicitando informações a hospitais fluminenses.
“O dinheiro chega: algo em torno de quase R$3 bilhões. E tem gente por trás disso que está se locupletando disso daí. Uma investigação com a quebra de sigilo diz quais são as empresas que prestam serviço pelos hospitais. Vai verificar que tem saque em dinheiro de altos de valores, elevados, nessas empresas e pode chegar à conclusão de que vai ter gente por trás do recebimento desses valores em espécie”, afirmou o ex-governador.
Tiveram o sigilo quebrado:
Instituto Unir Saúde
Associação Filantrópica Nova Esperança
Associação Mahatma Gandhi
Instituto dos Lagos Rio
Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas)
Instituto Diva Alves do Brasil (IDAB)
Governistas protestam
Senadores aliados ao governo se posicionaram contra a diligência para ouvir o ex-governador. Um dos principais governistas na CPI, Marcos Rogério (DEM-RO) se disse contra a medida por seu caráter “inusitado, desnecessário, desrespeitoso e fora de qualquer parâmetro de normalidade”.
“A diligência é aceitável e justificável quando você tem um depoimento de alguém que está na condição de preso. Por exemplo, nós tivemos diligência de CPI no Paraná em razão de investigados que estavam presos. Nesse caso, não. Ele não está preso, ele pode vir aqui”, disse.
Líder do governo, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) defendeu que o requerimento fosse retirado de pauta e votado em outro momento.
Omar Aziz, por outro lado, reforçou que não seria possível fazer “ouvido de mercador” para as declarações feitas pelo ex-governador, e sustentou que ele declarou receber ameaças.
Autor do requerimento, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), afirmou que não dar seguimento às falas do ex-governador significaria “tentar evitar a apuração de fatos potencialmente graves”.
Fonte: G1
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