A decisão do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de não punir o general Eduardo Pazuello foi classificada como um "erro" por militares da ativa.
Para eles, o comandante foi "enquadrado" pelo presidente Jair Bolsonaro e vai "enfrentar problemas" de disciplina com a tropa.
No último dia 24, o Exército decidiu abrir uma apuração disciplinar em razão da participação de Pazuello, na véspera, em um ato político no Rio de Janeiro em favor do presidente Jair Bolsonaro. Nesta quinta (3), o Exército informou que não ficou "caracterizada a prática de transgressão disciplinar" por Pazuello. Com isso, o processo foi arquivado.
Interlocutores de militares da ativa disseram ao blog que a decisão do comandante foi "o pior dos mundos".
Segundo eles, era posição unânime na cúpula do Exército de que Pazuello cometeu uma "transgressão" e precisava ser punido a fim de se transmitir a mensagem de que — cometendo uma infração — até um oficial não fica sem punição.
"O Pazuello cometeu uma infração. Não era para cadeia. Mas ele saiu da linha, e um general não pode, nunca, sair da linha. Ele comanda tropas. Como pedir disciplina se não segue as regras? Então, ele sabia que errou e tinha de ser punido", disse ao blog um interlocutor de militares da ativa.
O comandante Paulo Sérgio Oliveira e o ministro da Defesa, Braga Netto, tentaram convencer o presidente a aceitar uma punição a Pazuello.
Mas desde o início Bolsonaro deixou claro que não concordava com isso. Chegou a dizer em uma transmissão ao vivo pela internet que o ato do qual o ex-ministro participou ao lado dele não era político — na mesma linha da defesa de Pazuello.
Além de enquadrar o comando do Exército, fazendo prevalecer seu desejo, Bolsonaro ainda premiou Pazuello, ao nomeá-lo para um cargo no Planalto — na última terça-feira (1º), o presidente nomeou Pazuello secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
Na avaliação de outro militar, o comandante Paulo Sérgio Oliveira "errou" e "embarcou num caminho difícil".
Para esse militar, mesmo com o presidente Jair Bolsonaro resistindo a uma punição a Pazuello, o comandante do Exército precisava punir o ex-ministro da Saúde.
"Tinha de tomar a decisão, mesmo com o presidente deixando claro que não ia gostar. Agora, corre o risco de ficar desmoralizado", acrescentou.
Outro militar disse que, para amenizar a tensão dentro das Forças Armadas, Pazuello deveria agora pedir para ir para a reserva.
"Isso amenizaria toda a tensão criada pela falta de punição. O Pazuello deveria, desde o início, ter assumido o seu erro e aceitado uma punição para acabar com tudo isso", afirmou.
Fonte: G1
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