A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou ao Instituto Butantan no último sábado (5) um novo pedido cobrando mais informações sobre a ButanVac, candidata a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto.
Segundo a Agência, a documentação faltante é relacionada à análise de qualidade da vacina, segundo a Agência. A Anvisa declarou que o pedido de autorização para os estudos clínicos da ButanVac encontra-se em fase de "exigência".
"Isso quer dizer que os especialistas da Anvisa aguardam que o Instituto Butantan complete a apresentação da documentação necessária para que a análise científica seja concluída", disse a agência.
Em nota publicada no site do Instituto nesta segunda (7), o Butantan confirma o pedido, mas não esclarece quando irá enviar a nova documentação.
"Os últimos dados enviados à Anvisa, referentes ao protocolo clínico, foram encaminhados na última quarta (2) e uma nova exigência foi feita neste sábado (5). Uma reunião havia sido feita entre o Instituto Butantan e a Anvisa no dia 2, para discutir os documentos de Qualidade, e no dia 4 a exigência de Qualidade foi cumprida", diz o texto.
"A entrega da documentação à agência é condição essencial para permitir a finalização da análise. Sem a entrega das informações não é possível a conclusão do processo", disse ainda a nota.
Segundo a Anvisa, desde que o pedido de autorização foi feito pelo Butantan, a agência gastou 24 dias efetivamente analisando os documentos, e "passou outros 48 dias aguardando o cumprimento das exigências e a complementação das informações" por parte do instituto.
A agência declarou ainda que os últimos dados enviados pelo Butantan foram recebidos na última quinta-feira (3) eram referentes ao Protocolo Clínico e estão sendo analisados por técnicos da Anvisa.
A ButanVac, primeira vacina contra a Covid-19 produzida no Brasil sem que seja necessária a importação de matéria-prima, já foi testada em animais e o pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes da vacina.
Pedidos de informações
Esta é a quarta vez em que a Anvisa pede, publicamente, mais informações ao Butantan sobre o imunizante. No dia 26 de março, dia do anúncio de seu desenvolvimento, o instituto fez o primeiro pedido autorização à Anvisa para iniciar esses testes. De acordo com a agência, o pedido estava incompleto e, por isso, não atendia aos requisitos técnicos para a liberação.
Um mês depois, o centro de pesquisa protocolou outro pedido, mas a Anvisa novamente considerou que faltavam esclarecimentos.
Já no último dia 14, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que a Anvisa enviou 15 questões adicionais ao instituto. A agência, entretanto, esclareceu que as solicitações não eram novas. Na ocasião, uma das pendências era a apresentação da última versão do protocolo clínico.
De acordo com Covas, os primeiros 6 milhões de doses já estão em produção, mesmo sem a liberação dos testes clínicos, e devem estar disponíveis em breve.
A expectativa é a de que um total de 18 milhões esteja pronto até junho, e um total de 40 milhões até o fim do ano. No entanto, esta meta é considerada irreal por alguns especialistas, uma vez que o novo imunizantes nem sequer foi testado em humanos até o momento.
Como é feita a ButanVac
Os insumos básicos da vacina são ovos de galinha, frascos e embalagens, os mesmos usados para fazer a vacina da gripe. Estima-se que cada ovo tenha material suficiente para produzir duas doses de vacina.
Em cada ovo é injetada uma pequena quantidade do vírus da "doença de Newcastle", um mal aviário que é inofensivo em humanos. Esse vírus foi geneticamente modificado para receber a estrutura do coronavírus e estimular a produção de anticorpos contra a Covid-19 no organismo humano.
A técnica, em tese, permitiria a produção de vacinas ainda mais eficazes contra as novas variantes do coronavírus, uma vez que se pode escolher de qual cepa será retirada a proteína do vírus.
O trabalho com os ovos também permitiria a independência de importação de insumos da Índia e da China, barateando e acelerando a produção de um imunizante.
Como agora já existem vacinas disponíveis e comprovadas contra a Covid-19, a ButanVac precisará ter sua eficácia testada em relação a esses imunizantes.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), já formalizou ao Instituto Butantan o interesse em adquirir 4 milhões de doses da ButanVac.
No mesmo dia em que a vacina foi anunciada, o Ministério da Ciência também pediu aprovação na Anvisa para testes clínicos de outra vacina nacional, chamada Versamune, em desenvolvimento com a Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
Fonte: G1
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