Padres de cerca de 100 igrejas católicas passaram a oferecer bênção a casais homossexuais na Alemanha depois de o Vaticano proibir o rito sob o argumento de que Deus "não pode abençoar o pecado".
Bênçãos têm sido organizadas sob o slogan 'o amor vence' — Foto: EPA/EFE via BBC
A iniciativa de clérigos, diáconos e voluntários tem usado o slogan "Liebe gewinnt", que significa "o amor vence".
Em março, o papa Francisco deu aval à proibição determinada pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), um dos órgãos mais antigos da Santa Sé, historicamente relacionado à inquisição.
Em documento, o CDF respondia a questionamento de paróquias sobre a possibilidade de abençoar casais homossexuais, como uma forma de acolher os católicos gays.
O Vaticano declarou na época que a Igreja Católica não tinha o poder de abençoar as uniões do mesmo sexo, apesar de seus "elementos positivos", e afirmou que a decisão "não pretendia ser uma forma de discriminação injusta, mas sim um lembrete da verdade do rito litúrgico".
Francisco já se posicionou a favor de união civil entre casais do mesmo sexo. Em outubro de 2020, no documentário Francesco, afirmou que eles teriam "o direito de ter uma família".
Igreja Católica na Alemanha é mais liberal — Foto: Reuters via BBC
Reação
Os religiosos do movimento "Liebe gewinnt", contudo, rechaçam o argumento do rito litúrgico colocado pelo Vaticano e afirmam que a determinação foi "um tapa na cara de pessoas ao redor do mundo".
Em março, cerca de 3 mil padres, diáconos e teólogos alemães assinaram uma petição pedindo que a igreja revisse seu posicionamento. Algumas paróquias chegaram a ser ornadas com bandeiras de arco-íris.
"Elevamos nossa voz e dizemos: continuaremos apoiando as pessoas que resolveram se unir e abençoando seus relacionamentos", diz um comunicado no site da iniciativa, que tem atuado em cidades como Berlim, Colônia, Munique e também em áreas rurais.
União homoafetiva foi legalizada em 2017 na Alemanha — Foto: EPA/EFE via BBC
Mais liberal
O correspondente da BBC na Alemanha Damien McGuinness pontua que a Igreja Católica alemã, além de mais liberal, tem mais recursos do que em diversos outros países. Assim, o acolhimento cada vez maior de casais homossexuais será difícil de ser ignorado pelo Vaticano no médio e longo prazo, diz ele.
A Alemanha legalizou a união homoafetiva em 2017 e proibiu o que é conhecido como "terapia de conversão gay" para menores de 18 anos.
Fonte: BBC
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