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quinta-feira, maio 06, 2021

Na língua de Queiroga, 'não posso fazer juízo de valor' significa 'não concordo com o presidente'



Diante da estratégia do ministro da Saúde de fugir das perguntas incômodas envolvendo as posições do presidente Jair Bolsonaro sobre a Covid com um recorrente "não posso fazer juízo de valor", integrantes da CPI da Covid ironizavam que, na língua de Marcelo Queiroga, a frase significa o mesmo que "não concordo com o presidente, mas não posso dizer em público".


Queiroga recorreu à estratégia de sempre repetir que "não me cabe ou não posso fazer juízo de valor" sobre posições e declarações do presidente Jair Bolsonaro ao longo de todo seu depoimento. Principalmente quando era questionado sobre a defesa do presidente para o uso da cloroquina e se ele recomendaria o medicamento como médico.


Vice-presidente da CPI da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que, "nas declarações que o ministro não pôde dar, ele deixou claro que a estratégia deliberada do governo Bolsonaro até agora foi de contaminar todos”, acrescentando que a "imunidade natural ou de rebanho foi a forma adotada para enfrentar a pandemia".


Dentro do Palácio do Planalto, assessores do próprio presidente da República admitiram que a estratégia de evitar dar respostas a perguntas sobre o presidente acabou passando a mensagem de que o ministro da Saúde estava apenas evitando contradizer o chefe.



O ministro usou a mesma tática, treinada no Palácio do Planalto durante ensaio para sua fala na CPI da Covid, também quando foi indagado se as declarações de Bolsonaro insinuando que a China criou o coronavírus em laboratório prejudicava a fabricação de vacinas no Brasil.


O ministro da Saúde também recorreu à frase quando foi questionado o que ele achava das ameaças do presidente de baixar um decreto para garantir o direito de ir e vir da população brasileira, impedindo governadores e prefeitos de adotarem medidas de restrição de atividades.


Apesar do treinamento, em pelo menos dois momentos, pressionado, ele acabou deixando transparecer sua posição sobre esses temas.


Foi quando, ao ser questionado mais de uma vez pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre o uso da cloroquina e se havia feito distribuição do medicamento, respondeu que "eu não autorizei a distribuição da cloroquina".


E quando, pressionado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), acabou admitindo que concordava com a decisão do STF de que Estados e municípios podem adotar medidas de restrição de atividades diante de situações graves da pandemia do coronavírus, criticadas e combatidas por Bolsonaro.


Fonte: Blog do Valdo Cruz

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