A controladoria do Estado de Israel anunciou nesta segunda-feira (3) a abertura de uma investigação sobre o tumulto em um festival religioso que deixou 45 mortos e mais de 100 feridos na madrugada de sexta-feira (30).
Centenas de judeus ortodoxos cantam e dançam no festival Lag B'Omer em Monte Meron, no norte de Israel, nesta quinta (29) — Foto: Reuters
Matanyahu Englman, chefe da controladoria, afirmou em entrevista coletiva que a tragédia poderia ter sido evitada e que instaurou uma "investigação especial" para determinar as causas do incidente.
Responsável por supervisionar o funcionamento das instituições públicas, o órgão do governo israelense já havia alertado duas vezes – em 2008 e 2011 – sobre falhas na organização do evento.
"Se isto tivesse sido solucionado, talvez a catástrofe poderia ter sido evitada", disse Englman.
O chefe de polícia da região, Shimon Lavi, e o ministro da Segurança Pública, Amir Ohana, disseram que assumem a responsabilidade pelo incidente, mas o segundo rejeita ser culpado pelas mortes.
Já a ministra dos Transportes, Miri Regev, próxima a Netanyahu, é apontada pela imprensa local como um alvo da investigação por ter fretado ônibus para levar peregrinos ao evento.
Mais de 100 feridos
Cerca de 100 mil pessoas — a maioria judeus ortodoxos — participavam da celebração Lag B'Omer, o maior evento desde o controle da pandemia do coronavírus no país.
Relatos apontam que pessoas caíram em uma arquibancada, o que causou um princípio de tumulto. Uma multidão então tentou sair por uma passagem estreita e pessoas foram pisoteadas.
"Infelizmente, encontramos crianças pequenas pisoteadas", afirmou Eli Beer, diretor de um serviço voluntário de ambulância, a uma rádio local. "Conseguimos salvar algumas delas".
O Magen David Adom, equivalente israelense à Cruz Vermelha, atendeu 150 feridos. Muitos foram levados a hospitais.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi ao local da tragédia e classificou-a como um "pesado desastre". O premiê declarou o domingo um dia de luto nacional pelas vítimas da tragédia.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visita o Monte Meron, no norte de Israel, após tragédia com mais de 40 mortos em evento religioso com judeus ultraortodoxos em 30 de abril de 2021 — Foto: Ronen Zvulun/Reuters
Festival na pandemia
O Lag B'Omer é um feriado em homenagem ao rabino Simon Bar Yochai, um religioso do século II cujos restos mortais estão enterrados no Monte Meron.
O evento marca o início da retomada das grandes celebrações (religiosas ou não) em Israel, país que conseguiu controlar a Covid-19 com uma das vacinações em massa mais rápidas do mundo.
Quase todas as atividades já retornaram à normalidade pré-pandemia, e o governo israelense tirou recentemente a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre.
O festival foi cancelado no ano passado devido à pandemia. Em 2019, organizadores calcularam que 250 mil compareceram ao local.
Celebrações após a tragédia
Antes da mortes, a multidão percorria corredores e salões, dançando, cantando, rezando e acendendo velas e fogueiras.
Depois do incidente, alguns religiosos voltaram ao Monte Meron para continuar a celebrar o festival judaico.
MAPA — Local do tumulto que deixou mortos em Israel — Foto: G1 Mund
Fonte: G1
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