A Índia registrou um novo recorde de mortes por Covid-19 nesta terça-feira (18) e superou os 25 milhões de casos confirmados da doença, mas o número de infectados despencou nos últimos dias.
Policiais ao lado de corpos enterrados em covas rasas nas margens do Rio Ganges em Prayagraj, na sexta (15) — Foto: Rajesh Kumar Singh/AP
Foram 4.329 óbitos nas últimas 24 horas, elevando o total de vítimas do novo coronavírus para 278 mil, e 263 mil novos casos, o que fez o número de infectados passar de 25,2 milhões.
O número de mortes superou o recorde diário do Brasil (4,2 mil em 8 de abril) e se aproximou do recorde mundial, que ainda pertence aos Estados Unidos (4,4 mil em 12 de janeiro).
A Índia foi responsável por 41% de todas as mortes e 49% de todos os casos confirmados no mundo nas últimas 24 horas, segundo dados do "Our World in Data", projeto ligado à Universidade de Oxford.
Corpos no Rio Ganges
Apesar dos números já astronômicos, há fortes indícios de subnotificação. Especialistas acreditam que os números reais — sobretudo de mortes — podem ser de cinco a dez vezes maiores.
O segundo país mais populoso do mundo, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, sofre há mais de um mês com hospitais em colapso e crematórios que não conseguem atender ao volume de corpos.
No sábado (15), policiais encontraram corpos enterrados em covas rasas nas margens do Rio Ganges em Prayagraj e investiga se são cadáveres de vítimas da Covid-19.
No dia 10, dezenas corpos já haviam sido encontrados boiando no rio. A suspeita é que eles foram jogados na água porque os crematórios estão lotados e parentes não têm dinheiro para pagar pelo funeral.
Familiares de Vijay Raju, que morreu de Covid-19, choram antes de sua cremação na aldeia de Giddenahalli, nos arredores de Bengaluru, na quinta (13) — Foto: Samuel Rajkumar/Reuters
Casos começam a cair
As mortes seguem em alta na Índia, que há 21 dias consecutivos registra mais de 3 mil óbitos por dia.
Mas o número de casos confirmados começou a despencar. Os 263 mil infectados registrados nas últimas 24 horas representam uma queda de 36% em relação ao pico de 414 mil registrado no dia 6.
É o segundo dia seguido com menos de 300 mil novos casos, após 25 dias consecutivos acima deste patamar, e o menor número de infectados em quase um mês.
A pandemia parece estar atingindo um platô nas grandes cidades, mas agora se espalha pelo vasto interior rural do país, que concentra dois terços da população.
O que mais preocupa autoridades e especialistas é que as regiões mais pobres da Índia têm uma infraestrutura de saúde ainda pior do que a das grandes cidades, que está há semanas em colapso.
Parentes ajudam Jagdish Singh, de 57 anos, a sair de uma ambulância na porta de um hospital no distrito de Bijnor, no estado de Uttar Pradesh, no dia 11 — Foto: Danish Siddiqui/Reiters
Problemas da subnotificação
Os casos e mortes por Covid-19 dispararam na Índia desde fevereiro, quando o país registrava menos de 10 mil infectados e 100 mortes por dia e o governo comemorava o "fim da pandemia".
A virada desastrosa é atribuída sobretudo ao governo, que autorizou que multidões se reunissem em festivais religiosos e comícios políticos, e também a novas variantes do coronavírus.
Especialistas dizem que a Índia ficou para trás nos testes necessários para rastrear e entender melhor a cepa B.1.617, que se espalhou pelo país e já foi detectada em 44 nações de todos os continentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em abril, os casos mais do que triplicaram e as mortes confirmadas cresceram seis vezes, mas a quantidade de testes só aumentou 1,6 vez, alerta Bhramar Mukherjee, bioestatístico da Universidade de Michigan.
Na segunda-feira (17), o Ministério da Saúde indiano disse que 17 novos laboratórios vão passar a ajudar a rastrear as variantes.
Fonte: G1
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