O Hamas anunciou nesta quarta-feira (12) a morte de vários de seus comandantes em ataques aéreos de Israel, inclusive Bassem Issa, chefe de seu braço militar na cidade de Gaza.
Homem carrega mala em frente aos escombros de prédio destruído na cidade de Gaza por ataques aéreos israelenses na terça-feira (11). A foto é de quarta-feira, 12 de maio de 2021 — Foto: Adel Hana/AP
O Hamas é um movimento palestino que controla a Faixa de Gaza e tem um braço político e um armado. Ele é considerado um grupo terrorista por Israel e pelos Estados Unidos.
Gaza é a principal cidade da Faixa de Gaza, um território palestino entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo que tem cerca de 2 milhões de habitantes e menos de 400 km².
Mais de 60 pessoas já morreram nos confrontos entre Israel e palestinos, que têm se atacado com mísseis e foguetes há três dias, no maior conflito na região desde 2014.
A escalada da violência já deixou 49 vítimas na Faixa de Gaza e 6 em Israel desde segunda-feira (10), e cresce a preocupação internacional de que a situação saia de controle (veja mais abaixo).
Quase 300 pessoas ficaram feridas em territórios palestinos, incluindo 86 crianças e 39 mulheres. Entre as vítimas israelenses estão três mulheres e uma criança e dezenas de feridos.
Alto escalão do Hamas
Issa é o comandante militar de mais alto escalão do Hamas a ser morto por Israel em 7 anos, e é a primeira vez no confronto atual que o grupo armado reconhece a morte de militantes.
Palestinos procuram sobreviventes sob os escombros de um prédio destruído por um míssil israelense no campo de refugiados de Shati, na Cidade de Gaza, na terça (11) — Foto: Khalil Hamra/AP
Outras autoridades militares de alta patente também foram mortas, informou o Hamas em um comunicado. Ele foi morto "junto com alguns de seus irmãos companheiros de líderes e guerreiros sagrados".
A agência de segurança interna de Israel afirmou que uma série de ataques aéreos matou Issa e vários outros militantes do Hamas, incluindo o chefe de desenvolvimento de foguetes e guerra cibernética, o chefe de produção de foguetes e o chefe de engenharia do grupo armado.
O exército israelense disse que realizou uma "operação complexa e inédita" contra "uma parte fundamental do 'Estado-Maior' do Hamas".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que "este é apenas o começo". "Vamos atingi-los como eles nunca sonharam ser possível", afirmou o premiê.
Issa e outros comandantes são responsáveis pelos diferentes distritos da Faixa de Gaza e formaram o conselho militar do Hamas, o órgão máximo que decide sobre as operações do grupo. O conselho militar é chefiado por Mohammed Deif.
Pessoas em frente aos escombros de prédio atingido por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza nesta quarta (12) — Foto: Adel Hana/AP
Pessoas em frente aos escombros de prédio atingido por ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza nesta quarta (12) — Foto: Adel Hana/AP
Prédios atingidos
Israel atacou dois prédios na cidade de Gaza na terça-feira (11). Um prédio residencial de 13 andares foi destruído e desmoronou (veja no vídeo abaixo). A torre abrigava um escritório usado pela liderança política do Hamas.
O país também atacou um edifício de nove andares que abriga apartamentos residenciais, empresas de produção médica e uma clínica odontológica, segundo a agência de notícias Associated Press.
A estrutura foi fortemente danificada, e fumaças e destroços chegaram ao escritório da Associated Press em Gaza, que fica a 200 metros de distância do segundo prédio atingido.
Preocupação internacional
O enviado de paz da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, disse que as Nações Unidas trabalham com todos os lados para restaurar a calma, mas Israel e Hamas se encaminham para uma "guerra em larga escala".
"Uma guerra em Gaza seria devastadora e as pessoas pagariam o preço", afirmou o enviado da ONU, lembrado que a região já sofre com a pobreza e uma taxa de desemprego de quase 50%.
O Conselho de Segurança da ONU se reúne novamente nesta quarta para debater o conflito, que aumentou a preocupação internacional de que a situação possa sair de controle.
Início dos confrontos
A onda de violência começou em Jerusalém Oriental, após confrontos entre palestinos e a policiais israelenses, principalmente na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém, na segunda (10).
A Esplanada das Mesquitas é conhecida como Monte do Templo pelos judeus e como Santuário Nobre pelos muçulmanos. O local é considerado o mais sagrado do Judaísmo e o terceiro mais sagrado do Islã.
O conflito se intensificou no "Dia de Jerusalém", data do calendário hebraico que celebra a tomada de Jerusalém Oriental e da Cidade Velha por Israel em 1967. O dia é feriado nacional em Israel e, neste ano, coincidiu com o fim do Ramadã, o mês do jejum muçulmano.
Jerusalém Oriental é reivindicada como a futura capital da Palestina. Israel diz que Jerusalém é sua capital e indivisível, mas a grande maioria dos países reconhecem Tel Aviv como a capital do país.
Estratégia desastrosa
A sempre frágil convivência entre judeus e árabes não resistiu à série de más decisões governo israelense durante o mês do Ramadã, escreveu em editorial o jornal "Haaretz", que destacou três pontos:
A instalação de postos de controle no Portal de Damasco da Cidade Velha em Jerusalém, para impedir a entrada de palestinos
2. A ameaça de expulsão de palestinos no bairro de Sheikh Jarrah
3. A permissão para que radicais judeus realizassem uma marcha provocativa pelo bairro muçulmano no Dia de Jerusalém.
O discurso nacionalista foi fortalecido com o apoio do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a extremistas de direita, banidos desde a década de 1980 da política do país. "Essa estratégia desastrosa agora está explodindo na cara de Israel", afirmou o "Haaretz".
Fonte: G1
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