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quinta-feira, maio 13, 2021

Fora de prioridade, funcionários da Caixa de Assistência do Advogado são vacinados contra Covid-19 em Natal

Funcionários e diretores da Caixa de Assistência dos Advogados do RN (Caarn) foram vacinados contra a Covid-19 pela Prefeitura de Natal. O grupo não faz parte do Plano Nacional de Imunização. Na sede da OAB, em Candelária, funciona uma drive-thru de vacinação contra a Covid-19.


Ponto de drive-thru montado na OAB, em Natal — Foto: Cedida


A vacinação de pessoas da Caarn foi confirmada pela própria presidente afastada da entidade. Em nota, Monalisa Dantas afirmou que tomou uma dose da vacina CoronaVac. Somente até a semana passada, o Rio Grande do Norte tinha mais de 87 mil pessoas com a segunda dose do imunizante atrasada.


"Como o espaço foi transformado em ponto de imunização, todas as pessoas que estavam em trabalho presencial no local foram enquadradas na Nota Técnica 02/2021 da Prefeitura de Natal e amparadas por autorização do Ministério da Saúde", afirmou na nota. "Apesar disso, no meu caso, o que recebi foi uma única dose da Coronavac que seria descartada no lixo, por estar em frasco aberto que não poderia ser armazenado novamente. Eu, uma outra diretora e um porteiro recebemos a dose nessas condições", afirmou.


O assunto veio à tona durante uma investigação aberta pela seccional da Ordem dos Advogados dos Brasil (OAB), no Rio Grande do Norte, à qual a Caarn é ligada, mas que tinha como foco apurar denúncias de desvios financeiros da instituição.



De acordo com a presidente da Caarn, que está afastada durante as investigações, a técnica da Prefeitura explicou o procedimento e disse que se alguém não se disponibilizasse, a dose seria perdida. O G1 procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Natal, mas não recebeu retorno sobre o assunto até a publicação desta matéria.


A nota técnica citada pela presidente da Caarn fala sobre imunização de trabalhadores de saúde, que não é o caso dos funcionários da casa. O G1 questionou à assessoria da presidente afastada quantas pessoas tomaram a vacina, mas ela informou que não teria o número.


No entendimento da presidente afastada, todos que estavam trabalhando presencialmente podiam se vacinar, já que o estacionamento do prédio onde funciona OAB e Caarn virou um centro de vacinação. Segundo a assessoria, a própria presidente não tomou a vacina a princípio, mas apenas quando surgiu a sobra, que seria descartada.


Vacinação de pessoas com autismo e síndrome de down em Natal — Foto: Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi


Após a abertura de um frasco de vacina, os imunizantes têm um prazo para serem aproveitados. Passado o tempo determinado, a dose é considerada perdida. Porém, em muitas cidades no país, prefeituras realizam cadastro de pessoas interessadas na "xepa", como a sobra é conhecida, e que normalmente moram perto do local de vacinação, para serem acionadas caso haja sobra.



Em Manaus, a prefeitura fez um cadastramento de pessoas interessadas em tomar a sobras de vacinas. O mesmo acontece em São Paulo. No Distrito Federal, em abril, a recomendação era de que a "xepa" da vacinação fosse destinada a agentes de segurança pública, que também fazem parte dos grupos prioritários para imunização.


Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que não orienta a utilização da vacina em público fora da prioridade apontada no Plano Nacional de Imunização.


Em entrevista ao RN1, da Inter TV Cabugi, o presidente da OAB, Aldo Medeiros, disse que foi informado sobre a vacinação de funcionários da Caarn dentro de uma investigação aberta pela instituição para apurar denúncias do ponto de vista administrativo.


"A OAB foi surpreendida com essa situação. Nós recebemos uma denúncia por parte de diretores da Caixa de Assistência de questões administrativas a serem apuradas. No bojo dessa investigação, tomamos conhecimento que algumas pessoas da Caixa de Assistência algumas teriam tomado vacina. Em uma reunião entre as duas diretorias (OAB e Caarn) foi confirmado que três pessoas tomaram a vacina", disse.


Aldo afirmou que a OAB enviou um ofício à Secretaria Municipal de Saúde solicitando informações sobre a vacinação e questionou à pasta se alguém ligado à OAB ou Caarn solicitou imunização de qualquer pessoas nas duas entidades.


Procurada pelo G1, a assessoria da OAB informou que nenhum funcionário seu tomou a vacina, segundo o que foi denunciado. A Caarn funciona como um "braço" da OAB, mas tem administração, diretoria e orçamentos próprios.


Prefeitura também vacinou agentes de segurança com sobras

Nesta quarta-feira (12), a Secretaria Municipal de Saúde confirmou ao G1 que vem aplicando sobras de vacinas em agentes da Secretaria de Mobilidade Urbana. Em nota, o município afirmou que houve um acordo, em audiência com Ministério Público, para vacinar as pessoas contempladas no Plano Nacional de Imunização, como força de seguranças, com as sobras. "A partir do dia 07 de maio, caso tenha sobra de vacina em algum frasco, Natal realiza a vacinação desse grupo".



Na ata da reunião, consta que o secretário George Antunes pediu a opinião dos presentes sobre como proceder no caso de aparecerem dois a três agentes de mobilidade em busca de sobra de vacina no fim da vacinação diária. O documento, no entanto, não cita um acordo formalizado sobre o assunto. O relatório também afirma que a promotora Rebecca Monte opinou que o município registre as pessoas que estavam sendo beneficiadas com essa sobra, "ressaltando a necessidade de que não se configure em uma prática rotineira, sob pena de se prejudicar outros grupos".


Fonte: G1

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