A variante indiana do novo coronavírus foi detectada em "pelo menos 17 países", anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira (27).
Foto tirada em 29 de maio de 2020 mostra o letreiro da sede da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, na Suíça — Foto: Fabrice Coffini/AFP
A nova cepa do vírus é suspeita de ser um dos aspectos que explicam a segunda onda de casos na Índia, que mergulhou em uma grave crise sanitária.
Nesta quarta-feira, o país asiático ultrapassou as 200 mil mortes causadas pelo vírus. Foram 3.293 óbitos nas últimas 24 horas, um novo recorde diário.
Conhecida como B.1.617, a variante indiana foi detectada em mais de 1,2 mil sequências de genoma em "pelo menos 17 países", segundo a OMS.
"A maioria das sequências carregadas para o banco de dados GISAID vem da Índia, do Reino Unido, dos Estados Unidos e de Cingapura", afirmou a OMS em seu relatório semanal sobre a pandemia.
Nos últimos dias, a variante também foi detectada em vários outros países europeus, como Bélgica, Grécia, Itália e Suíça.
O estudo preliminar da OMS, com base nas sequências fornecidas ao GISAID, indica que a "B.1.617 tem uma taxa de crescimento mais alta do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo que é mais contagiosa".
Flexibilização e aglomerações x nova cepa
A OMS classificou recentemente a cepa indiana como uma "variante de interesse", não como "variante preocupante". Se fosse classificada como "preocupante", significaria que ela é mais perigosa (mais contagiosa, mais letal e capaz de resistir a vacinas).
As variantes "preocupantes" (VOCs) são as cepas brasileira, britânica e sul-africana.
A cepa indiana ainda provoca dúvidas. Segundo a OMS, o recrudescimento da pandemia na Índia também pode ser devido a "outros comportamentos", como o não cumprimento das restrições sanitárias e o elevado número de aglomerações.
Em março, o governo indiano falou em "fase final da pandemia" e flexibilizou as medidas de combate à Covid-19. O governo liberou comícios eleitorais e festivais religiosos mesmo com o aumento de contágios, e agora tem sido duramente criticado. Grandes aglomerações se formaram nas últimas semanas.
Os comícios do Bharatiya Janata Party (BJP), partido do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, continuam a ocorrer e a levar multidões às ruas mesmo com os recordes diários de casos e mortes.
A OMS diz não saber se o maior índice de mortes no país se deve ao fato de a cepa ser mais agressiva, à situação do sistema de saúde indiano ou a ambos.
A organização destaca que outras variantes que circulam também são altamente contagiosas e que a combinação de fatores "pode ter um papel na reativação de casos" no país.
A OMS ponderou que "são necessárias investigações adicionais" urgentes sobre o contágio, a gravidade e o risco de reinfecção da variante indiana, para entender seu papel na crise de saúde no país.
Funcionários municipais se preparam para enterrar o corpo de vítima da Covid-19 em Gauhati, na Índia, em 25 de abril de 2021 — Foto: Anupam Nath/AP
2ª onda na Índia
A Índia enfrenta uma explosão de casos e mortes e quebrou o recorde mundial de novos infectados em 6 dos últimos 7 dias.
Além de registrar 360.927 novos infectados nesta quarta-feira (28), o país se tornou o 4º do mundo a ultrapassar as 200 mil mortes causadas pelo vírus.
Até então, só Estados Unidos, Brasil e México haviam superado a marca.
Foram 3.293 óbitos nas últimas 24 horas, um novo recorde diário, e pelo 3º dia seguido a Índia foi a nação com mais vítimas da Covid-19 no mundo, à frente do Brasil.
Foi o 7º dia seguido com mais de 300 mil novos casos, o que fez o país registrar mais de 2,3 milhões de infectados na última semana.
Fonte: G1
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