Bares, restaurantes, cinemas, museus e salas de concertos reabrem as portas a partir desta segunda-feira (26) na Itália, e o governo apresentou um plano de 222 bilhões de euros (mais de R$ 1,4 bilhão) para estimular a economia.
Pessoas almoçam ao ar livre em restaurante em Roma, na Itália, nesta segunda (26). Grande parte do país voltou à 'zona amarela', amenizando as restrições para frear a 3ª onda de Covid-19 — Foto: Yara Nardi/Reuters
Após meses de restrições no país, devido ao alto patamar do número de mortes por Covid-19, a população espera que a reabertura seja irreversível e represente o início de uma vida normal.
Fechadas há seis meses, as salas de cinema aproveitaram cedo a reabertura. O cinema Beltradde abriu as portas às 6h em Milão para uma sessão inédita para 82 pessoas.
Cafeterias e restaurantes poderão abrir para almoço e jantar, mas apenas nas áreas ao ar livre e até o início do toque de recolher, às 22h.
Quase 140 mil estabelecimentos comerciais foram autorizados a voltar a funcionar na maioria das 20 regiões italianas.
Pessoas almoçam ao ar livre em restaurante no canal Navigli, em Milão, no dia em que grande parte da Itália avança para a 'zona amarela' de restrições contra a Covid-19 nesta segunda (26) — Foto: Flavio Lo Scalzo/Reuters
"Tenho muita curiosidade de sentir o público de uma sala de concertos", confessou o maestro Antonio Pappano, que vai dirigir nesta segunda uma apresentação da orquestra Santa Cecília em um auditório de Roma.
A Itália é um dos países mais afetados do mundo pelo novo coronavírus, com mais de 119 mil mortes e 3,9 milhões de casos confirmados.
"Finalmente", disse Daniele Vespa, garçom de 26 anos do restaurante Baccano, próximo da turística Fontana di Trevi, em Roma. "É o começo do retorno à normalidade, tomara que também acabem com o toque de recolher".
'Risco calculado' na reabertura
O toque de recolher, que pode ser prolongado durante os meses mais quentes de julho e agosto, e é uma das medidas que mais provoca discórdia no país.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, tem respeitado o conselho de especialistas e cientistas, que recomendam a medida para evitar o aumento de contágios, hospitalizações e mortes.
Mario Draghi, primeiro-ministro da Itália, durante entrevista coletiva em Roma — Foto: Yara Nardi/Pool via Reuters
Mas o líder de extrema-direita Matteo Salvini, um aliado incômodo do governo, pressiona pela reabertura de tudo e o fim das restrições.
Draghi, economista e ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), virou primeiro-ministro em fevereiro e disse ter assumido um "risco calculado" com a reabertura da economia.
Avanço da vacinação
O premiê também afirmou as medidas dependerão do respeito aos protocolos de segurança e do avanço da campanha de vacinação no país.
Com 60 milhões de habitantes, a Itália aplicou 17,4 milhões de vacinas contra a Covid-19 até o momento (o equivalente a 28,9 doses a cada 100 habitantes).
A imunização no país está na média da União Europeia (28,9) e próxima do patamar de Alemanha (29,6) e França (28,2), mas muito atrás de Israel (120), Chile (73), Estados Unidos (67) e Reino Unido (67).
Em compensação, está muito à frente de países como o Brasil (17 doses aplicadas a cada 100 habitantes), China (15), Rússia (12) e Índia (10) e também da média mundial (13).
Pacote de € 222 bilhões
Junto com a reabertura, o governo italiano anunciou um plano de 222 bilhões de euros (mais de R$ 1,4 bilhão) para estimular a economia.
A terceira maior economia da zona do euro perdeu um milhão de postos de trabalho em 2020 e seu PIB caiu 8,9%.
Quase 192 bilhões de euros (mais de R$ 1,2 bilhão) virão de um fundo europeu e o restante (quase R$ 200 bilhões), de recursos do próprio país.
Para obter o dinheiro, o governo italiano teve que elaborar um plano de gastos detalhado, que será apresentado nesta segunda-feira (26) ao Parlamento e enviado até sexta-feira (30) à União Europeia.
Entre as prioridades estão a reforma de boa parte da infraestrutura, que inclui a renovação e a construção de ferrovias, estradas e portos.
Fonte: France Press
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