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terça-feira, março 30, 2021

Segundo maior cemitério de São Paulo fecha temporariamente por falta de vagas, dizem funcionários

O Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da capital paulista, segundo maior de São Paulo, foi fechado temporariamente por falta de sepulturas para atender à demanda de mortos pelo coronavírus. A informação é de funcionários do serviço funerário da cidade e de familiares de vítimas da Covid-19 que não conseguiram enterrar seus parentes no cemitério.


Lápides no cemitério Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo (SP), em 25 de fevereiro. — Foto: ROGÉRIO GALASSE/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO


Segundo relatos, o local fará apenas exumações para conseguir liberar novas sepulturas e, assim, voltar a realizar enterros.


"Lá esgotou, eles vão fazer agora exumação e vai ficar uns dias fechado", disse um funcionário do Cemitério Chora Menino, também na Zona Norte, ao G1 na manhã desta terça (30).


A medida, segundo ele, entra em vigor a partir desta quarta (31). Entretanto, já na noite desta segunda (29), o corpo de um homem de 48 anos, morto em decorrência de complicações provocadas pelo coronavírus, não pôde ser enterrado no Vila Nova Cahoeirinha.


Após a confirmação da morte, os familiares foram ao Cemitério do Araçá, na Zona Oeste, para obter informações sobre o sepultamento e receberam a informação sobre o fechamento do Vila Nova Cachoeirinha por falta de vagas.


Os parentes relatam que a sobrecarga atinge o sistema funerário como um todo. No Araçá, na noite desta segunda, apenas dois funcionários trabalhavam para atender a alta demanda de liberação de corpos.


Eles ficaram no local das 22h às 2h30 e foram encaminhados para o Chora Menino. O cemitério é destinado apenas às famílias que tem jazigos, mas passou a abrir sepulturas por conta da superlotação.


Ainda de acordo com relatos, por conta da falta de vaga, os corpos também estão sendo encaminhados para o Cemitério de Perus, na Zona Leste.


Questionada pelo G1, a Prefeitura de São Paulo alegou, por telefone, que o cemitério da Vila Nova Cachoeirinha segue operando e é um dos que realiza enterros noturnos. O G1 aguarda nota sobre a capacidade do cemitério e sobre a informação que passou a fazer só exumações para ampliar o número de vagas.


Com o aumento dos enterros, a gestão municipal estendeu os horários dos sepultamentos em quatro cemitérios: Vila Formosa e Vila Alpina, ambos na Zona Leste; o São Luiz, na Zona Sul; e o próprio Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte. Os enterros que antes eram realizados das 7h às 18h agora ocorrem das 7h às 22h.


A capital teve um aumento de quase 30% nos enterros. Os sepultamentos noturnos fazem parte do Plano de Contingência do Serviço Funerário.


Nesta terça-feira (30), motoristas de vans escolares começaram a trabalhar no transporte de corpos de pessoas mortas por Covid na cidade. Com o aumento dos enterros, a prefeitura contratou 50 carros particulares que serão adaptados para o Serviço Funerário.


Depois de o G1 publicar esta reportagem, o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep) confirmou que o cemitério suspendeu os enterros e afirmou que será feita a exumação de corpos com mais de 3 anos para viabilizar novas sepulturas.


Segundo o sindicato, por meio de nota, "a situação ocorre após o Cemitério da Nova Cochoeirinha ter sido incluido no contrato de aluguel de equipamentos para sepultamentos noturnos na cidade", o que pode ter aumentado a demanda.


"O Sindsep há décadas alerta para a falta de investimento no Serviço Funerário Municipal de São Paulo e para o seu sucateamento. No grave momento de recordes de sepultamentos na cidade de São Paulo a situação fica evidente com o processo desenfreado de terceirizações", diz a nota.


Mortes na cidade

A média diária de novas mortes na cidade de São Paulo mais do que dobrou em relação a duas semanas, quando teve início a fase emergencial no estado.


Nesta segunda-feira (29), a média móvel de óbitos foi de 167. No dia 15 de março, o valor era de 74, o que representa um aumento de 125%. No mesmo período, o estado como um todo teve aumento de 67% na média móvel de mortes.


Fonte: G1

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