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quarta-feira, março 24, 2021

RJ publica propaganda incentivando turismo a 2 dias de 'superferiado' contra Covid; governo alega falha

A dois dias do início de um "superferiado" de 10 dias, idealizado para conter a pandemia, o Governo do Rio de Janeiro publicou uma propaganda estimulando viagens pelo estado. Em nota, o governo informou que a veiculação foi uma "falha técnica" e retirou a peça publicitária após esta reportagem.


Propaganda publicada no Diário Oficial do Governo do Rio nesta quarta-feira (24), às vésperas de 'superferiado' anunciado para conter pandemia — Foto: Reprodução/Diário Oficial Governo do Estado do Rio


A campanha, ainda de acordo com o texto, foi idealizada em setembro do ano passado e veiculada nos dois meses seguintes, não sendo mais utilizada.


Em agenda em Brasília, o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), disse que estuda inclusive impedir que cariocas deixem a capital rumo ao interior. Rio de Janeiro e Niterói já anunciaram medidas de isolamento social semelhantes a um lockdown.


"Eu não sou governador só da capital e de Niterói. Eu sou governador de 92 municípios, eu tenho preocupação da capital fechar tudo e todo mundo ir para o interior, todo mundo ir para Região dos Lagos, para a Costa Verde, tudo".

'Hora de arrumar as malas', diz propaganda

A peça que teria sido publicada por engano diz que as cidades estão preparadas para receber turistas, mas alguns dos principais municípios turísticos, como Búzios e Petrópolis, já anunciaram restrições a visitantes, incluindo barreiras sanitárias (veja abaixo a relação completa).


"Chegou a tão esperada hora de arrumar as malas e pegar a estrada", diz o anúncio publicado em uma edição extra do Diário Oficial desta quarta-feira (24).

A peça publicitária mostra um homem de máscara de mergulho. "Use máscara", diz o título. "Você pode voltar a viajar pelo Rio de Janeiro".


O feriado de 10 dias foi aprovado na terça-feira (23) pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e já é considerado como certo, mas ainda depende da sanção do governador Cláudio Castro (PSC).


Superferiado no RJ — Foto: Editoria de Arte/G1


Especialista critica: 'Não faz sentido'

A infectologista Cristiana Meirelles afirma que, em viagens, as pessoas se comportam de uma outra forma e o estímulo ao turismo neste momento pode ter um impacto negativo.


"O risco é o desrespeito às medidas de precaução que a gente tem preconizado tanto: o uso de máscara e evitar aglomeração. De um modo geral, quando as pessoas viajam a lazer, as pessoas relaxam. Encontram outras pessoas, não usam máscara o tempo inteiro. O maior risco é isso aumentar o número de casos em vez de diminuir".


Segundo a especialista, a proposta "não faz sentido". Ela acha que os dias de folga deveriam ter sido encarados de outra maneira.


"A ideia do feriado é muito mal interpretada. Seria muito mais importante e eficaz se fosse um lockdown. No lockdown, quem trabalha de casa no home office, quem não é serviço essencial, continuaria trabalhando. E evitaria essas más interpretações", opina.


Restrições na capital

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), adotou medidas de restrição semelhantes a um lockdown, determinando apenas a apertura de serviços essenciais durante esses 10 dias.


O decreto estadual ainda será publicado pelo governador, que pretende permitir a abertura de bares e lanchonetes.


Segundo especialistas ouvidos pelo G1, os decretos municipais prevalecem sobre o estadual. Este deve servir apenas como sugestão às cidades, que têm a possibilidade de tomar medidas mais duras.


A ideia de Castro de flexibilizar as medidas durante o superferiado já tinha sido criticada pelo prefeito carioca.


"CastroFolia! A micareta do governador! Definitivamente ele não entendeu nada do objetivo de certas medidas", escreveu Paes.


No mesmo dia, o governador em exercício rebateu. "Não tenho dúvida que não vai ser um feriado de folia, vai ser um feriado das pessoas em casa".


Na ocasião, Castro prometeu punir quem desrespeitar as regras. O decreto dele ainda não foi publicado até a última atualização desta reportagem.


"As multas são pesadíssimas para quem descumprir, diferente de decretos que foram feitos sem multa, sem nada. Dessa vez a multa será pesadíssima e as nossas forças de segurança vão estar nas ruas para cumprir o determinado pelo governador", acrescentou.


Veja abaixo as restrições nas cidades turísticas:


Região dos Lagos

Búzios


Barreira sanitária exige comprovante de reserva;

Festas, shows e eventos proibidos;

Não pode ficar na praia ou mergulhar no mar;

Quiosques da orla e comércio ambulante proibidos;

Restaurantes só podem atender em mesas e com metade da capacidade;

Passeios de barco limitados a 50% da lotação;

Transporte público também limitado à metade da lotação.

Arraial do Cabo


Barreira sanitária exige comprovante de reserva;

Barcos só podem fazer um passeio por dia.

Maricá


Barreira sanitária exige comprovante de reserva;

Só funcionam serviços essenciais;

Fechados casas de eventos e festas e salões de beleza;

Praias: proibida a permanência e entrar no mar. Atividades físicas individuais estão permitidas

Saquarema


Barreira sanitária exige comprovante de reserva;

Não pode ficar na praia ou mergulhar no mar;

Locais públicos estarão fechados, como praças;

Maior fiscalização no comércio.

Região Serrana

Petrópolis


Barreira sanitária exige comprovante de reserva ou vouchers de compras da Rua Teresa; quem tem casa também pode passar;

Pontos turísticos fechados, como o complexo do Museu Imperial.

Teresópolis


Barreiras sanitárias;

Rodízio de pessoas segundo o dígito do CPF.

Friburgo


Barreiras sanitárias.


Fonte: G1

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