quinta-feira, março 18, 2021

Presidente da Tanzânia morreu de Covid, afirma líder da oposição

O presidente negacionista da Tanzânia, John Magufuli, morreu de coronavírus, afirmou nesta quinta-feira (18) seu principal opositor, Tindu Lissu. Ele afirmou que o óbito é uma "justiça poética", pois Magufuli sempre minimizou a pandemia e chegou a declarar o país "livre da Covid-19".


O presidente reeleito da Tanzânia, John Pombe Magufuli, segura lança e escudo após tomar posse para seu 2º mandato em novembro de 2020 — Foto: Tanzania State House Press/Reuters


"Isto é justiça poética. O presidente Magufuli desafiou o mundo na luta contra o corona. Desafiou a ciência", afirmou o opositor em entrevista a um canal de TV do Quênia. "Ele se negou a adotar as precauções básicas que são recomendadas às pessoas de todo o mundo".


"Magufuli não morreu esta noite. Tenho informações, basicamente das mesmas fontes que me disseram que ele estava gravemente doente, que Magufuli está morto desde quarta-feira da semana passada", afirmou Lissu.

O líder da oposição, que perdeu a eleição para Magufuli em outubro e atualmente está exilado na Bélgica, já havia afirmado que o presidente estava internado em estado grave em um hospital de Nairóbi, a capital do Quênia, devido ao coronavírus.


Ao anunciar a morte do presidente, a vice-presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, disse ontem que Magufuli morreu aos 61 anos por problemas cardíacos.


Presidente da Tanzânia tem a morte anunciada - mas a causa é nebulosa


O presidente estava sem fazer aparições públicas desde 27 de fevereiro, o que aumentou rumores sobre seu estado de saúde.


Até o anúncio de ontem, o governo não dava informações sobre seu paradeiro — e inclusive prendia quem espalhasse boatos sobre a saúde do presidente.


Negação da pandemia

Além de dizer que o país estava livre da pandemia "devido a orações", Magufuli afirmava que o novo coronavírus era proveniente de um demônio ocidental e fazia campanha contra as vacinas.


"O coronavírus, que é um demônio, não pode sobreviver no corpo de Cristo. Ele queimará instantaneamente", afirmou Magufuli ao convocar as pessoas a irem às igrejas e mesquitas para orar.

O presidente declarou a Tanzânia "livre da Covid-19" em junho, dizendo que o vírus havia sido erradicado após três dias de oração nacional, zombou da eficácia do uso de máscaras, questionou testes e provocou os países vizinhos que impuseram medidas para conter o vírus.


Seu governo recomendava receitas caseiras — como uma bebida à base de gengibre, cebola, limão e pimenta — para eliminá-lo.


Mas, desde fevereiro, a Tanzânia vivencia uma onda de mortes atribuídas oficialmente a pneumonias.


Oficialmente, o país tem apenas 509 casos confirmados de Covid e 21 mortes. As últimas infecções e óbitos foram registrados em 8 de maio de 2020.


Fonte: France Presse

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