O Ministério da Saúde enviou nesta segunda-feira (8) um ofício à embaixada da China no Brasil pedindo ajuda para a compra de 30 milhões de doses da vacina da farmacêutica chinesa Sinopharm.
No documento, o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, afirma que o Brasil corre o risco de paralisar a vacinação contra a Covid em razão da escassez de doses de vacina.
"A campanha nacional de imunização, contudo, corre risco de ser interrompida por falta de doses, dada a escassez da oferta internacional. Por conta disso, o Ministério da Saúde vem buscando estabelecer contato com novos fornecedores, em especial a Sinopharm, cuja vacina é de comprovada eficácia contra a Covid-19", escreveu Franco no ofício.
O documento obtido pela TV Globo foi enviado ao embaixador da China no Brasil Yang Wanming, com quem integrantes do governo brasileiro e da família do presidente Jair Bolsonaro já protagonizaram conflitos.
Em outubro, Bolsonaro afirmou: "Não compraremos a vacina da China", desautorizando o ministro Eduardo Pazuello, que havia negociado a aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o instituto Butantan, de São Paulo.
Em março, um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), culpou a China pela disseminação do coronavírus. Na ocasião, a embaixada chinesa reagiu ao responder ao deputado: "As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental que está infectando a amizade entre os nossos povos", publicou a embaixada em uma rede social.
Em novembro, Eduardo Bolsonaro hostilizou a China devido à tecnologia 5G, a internet móvel de quinta geração, cujo leilão está previsto para este ano. O filho do presidente escreveu em uma rede social (e depois apagou): “Aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. A embaixada da China repudiou.
Variante do Amazonas
No ofício enviado à embaixada chinesa, Elcio Franco afirma que o Brasil tem ciência de que precisa frear a variante do novo coronavírus identificada inicialmente no Amazonas, que vem demonstrando maior capacidade de transmissão.
"O Ministério da Saúde está ciente da importância de conter essa cepa e de impedir que se espalhe pelo mundo, recrudescendo a pandemia", afirmou o secretário.
Franco diz no ofício que a principal medida da pasta para conter a variante é a campanha de vacinação.
Câmara
Nesta terça, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro, também recorreu à China com pedido de ajuda para incrementar a vacinação no Brasil.
Em carta ao embaixador chinês, Lira pediu um "olhar solidário" para ajudar o Brasil a superar a epidemia.
Fonte: G1
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