A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) recomendou ao governo federal que 90% das vacinas CoronaVac sejam aplicadas como 1ª dose, como forma de tentar acelerar a imunização da população. Com isso, 10% dos lotes seriam reservados para 2ª dose, em vez dos 50% orientados pelo Ministério da Saúde.
Dose da vacina CoronaVac — Foto: Raíza Milhomem/Prefeitura de Palmas
Em ofício enviado ao presidente Jair Bolsonaro, ao ministro da pasta, Eduardo Pazuello, que está de saída do cargo, e ainda para o sucessor dele, Marcelo Queiroga, a entidade que representa 412 municípios com mais de 80 mil habitantes defende que a nova estratégia de uso das vacinas vai permitir a otimização na aplicação dos imunizantes.
"Cada município está adotando um período para a aplicação da segunda dose dessa vacina. Neste sentido, se todos os municípios passarem a adotar o prazo de 28 dias, haverá um maior espaçamento entre as doses e maior otimização da sua aplicação", diz texto assinado pelo presidente da FNP, Jonas Donizette, ex-prefeito de Campinas (SP). Segundo a entidade, a alteração é possível porque o fluxo de produções das vacinas CoronaVac e AstraZeneca "já se encontra em ritmo mais intenso".
Série de mudanças
No início da campanha, com base em diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI), 50% das vacinas destinadas pelo governo federal aos estados e municípios foram reservadas como 2ª dose.
Em 19 de fevereiro, o Ministério da Saúde divulgou que faria uma mudança na estratégia da vacinação contra a Covid-19, sem guardar metade do imunizante para a 2ª dose. À época, o governo argumentou que o ritmo de chegada das novas doses seria acelerado e, com isso, não seria seria preciso reserva.
Entretanto, em 24 de fevereiro, a pasta recuou e informou que os estados e municípios devem reservar a 2ª dose da CoronaVac para garantir que ela seja aplicada de duas a quatro semanas após a 1ª.
"A pactuação não chegou a um acordo, devido à mudança no cronograma de entrega do Instituto Butantan. Desta forma se faz necessário a aplicação de uma dose e guarda da segunda", diz nota divulgada naquela data pela assessoria do Ministério da Saúde.
O Instituto Butantan entregou na sexta-feira mais 2 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde. Até o final deste mês, o total deve chegar a 22,7 milhões de doses. Todos os imunizantes previstos para março já estão prontos e aguardam aprovação do controle de qualidade.
Instituto Butantan enviou 2 milhões de doses da CoronaVac aoPNI — Foto: Mister Shadow/ASI/Estadão Conteúdo
Padronização da AstraZeneca
No documento assinado na sexta-feira, a FNP também defende que seja padronizado o prazo de 12 semanas entre o intervalo entre as duas doses da AstraZeneca, para uso de todo estoque disponível. "Desta forma, haverá maior tempo hábil para recomposição dos estoques e, ao mesmo tempo, uma ampliação dos grupos alvos a serem vacinados em todo o país, em menos tempo", ressalta texto.
Em 24 de fevereiro, a assessoria do Ministério da Saúde também informou que as doses da vacina AstraZeneca/Fiocruz estão "disponíveis para uso total sem guardar a segunda dose".
Sem resposta
O G1 solicitou um posicionamento ao Ministério da Saúde sobre o ofício da FNP por e-mail, mas não houve resposta. Além disso, a reportagem tentou contato por telefone, mas não houve retorno.
Acordo para 138 milhões de doses
O governo federal assinou na sexta-feira contratos com as farmacêuticas Janssen (do grupo Johnson & Johnson) e Pfizer que preveem, ao todo, a entrega de 138 milhões de doses de vacinas contra a Covid. Desse total, 100 milhões de doses serão da Pfizer e 38 milhões, da Janssen.
No Brasil, duas vacinas já obtiveram o registro definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação na população: a da Pfizer e a da AstraZeneca/Oxford. A da Janssen não tem registro definitivo nem autorização para uso emergencial.
Atualmente, o Brasil aplica na população as vacinas da CoronaVac – que por enquanto só tem a autorização emergencial – e a da AstraZeneca/Oxford.
Fonte: G1
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