domingo, março 21, 2021

Covid-19: Chile impõe quarentena em hotel para quem chegar do Brasil

O Ministério da Saúde do Chile anunciou no sábado (21) que, para controlar a propagação da variante brasileira do coronavírus, os passageiros que chegarem do Brasil, sejam chilenos ou estrangeiros, deverão ficar isolados em um hotel sanitário, arcando por conta própria com todos os gastos.


Chilenos precisam apresentar autorização para uso de metrô em meio às medidas de restrição para a Covid-19, e foto de 18 de março de 2021 — Foto: Esteban Felix/AP


Além dos que chegarem do Brasil, todos os que estiveram no país nos últimos 14 dias também deverão se hospedar em um hotel sanitário por ao menos 72 horas. As diárias no hotel, os custos de deslocamentos e do novo exame deverão ser pagos pelo próprio passageiro antes mesmo de embarcarem no voo a Santiago.


"Todos os viajantes que entrarem no país vindos do Brasil ou que tenham estado no Brasil nos últimos 14 dias, irão a uma residência sanitária", explicou a subsecretária de Saúde, Paula Daza.

"Se o PCR der negativo, vão terminar a quarentena no seu domicílio. Neste hotel sanitário deverão ficar, pelo menos, durante 72 horas para depois completarem o isolamento de 10 dias em domicílio"


A medida entrará em vigência a partir da próxima quinta-feira (25) por tempo indeterminado, de acordo com a evolução da situação sanitária no Chile.


À beira do colapso

A nova exigência procura desmotivar viagens ao e do Brasil num momento em que o Chile bate recordes diários de novos casos de Covid-19 e tem o sistema de saúde à beira do colapso.


Nas últimas 24 horas, pela primeira vez, o Chile superou os sete mil casos. Foram 7.084 novos contágios, acima do recorde de 6.938 casos registrados em 14 de junho passado, ápice da primeira onda. Em 24 horas, 93 pessoas morreram.


Os casos ativos chegam a 37.048 dos quais 2.227 estão em unidades de terapia intensiva. Restam apenas 198 leitos para pacientes críticos no país. A ocupação nas UTIs é de 95%.


Um total de 24 municípios, inclusive a capital Santiago, entraram em lockdown total neste fim de semana.


Apesar da situação crítica no Chile, o país mantém todas as fronteiras abertas, sem que nenhum estrangeiro tenha restrição de acesso, independentemente do país de origem.


Conter a variante brasileira

Até agora, todos os passageiros que chegam de qualquer lugar do mundo, precisam de um exame PCR negativo realizado até 72 horas antes do voo. Ao aterrissarem em Santiago, única entrada aérea habilitada, os passageiros devem fazer um novo teste e aguardar o resultado em domicílio.


A partir do próximo dia 25, todos os que chegarem do Brasil, mesmo que apresentem exame negativo, serão encaminhados a uma hospedagem sanitária obrigatória durante 72 horas, período durante o qual as autoridades vão tentar detectar a presença da variante brasileira.


Para todos os demais passageiros que vierem de outros países, a quarentena obrigatória de 10 dias poderá ser realizada em domicílio.


"Todos os viajantes que atestarem positivo durante os primeiros 14 dias de entrada no Chile deverão fazer a sua quarentena num hotel sanitário e todos os viajantes que apresentarem um ou dois sintomas da doença também deverão ir a um hotel sanitário até que, através de um exame PCR, seja descartado o contágio", acrescentou Paula Daza.



No hotel sanitário, o controle sobre cada passageiro promete ser maior. Até agora, as quarentenas em domicílios não têm uma fiscalização rígida, deixando o sistema dependente da honestidade de cada um.


"As restrições não têm sido sempre cumpridas porque não há fiscalização. Esse é um dos problemas que temos: as pessoas não cumprem como seria desejável e não há fiscalização adequada. São as próprias pessoas que devem enviar a informação de como se sentem, mas elas podem mentir e mentem. O problema é que agora existe a variante brasileira que é bastante agressiva", explicou à RFI a infectologista Claudia Cortés, vice-presidente da Sociedade Chilena de Infectologia.


Desde o início da pandemia de Covid-19, o Chile registrou 925.089 contágios e 22.180 óbitos.


Fonte: RFI

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