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segunda-feira, março 29, 2021

Brasil registra em 2020 número de mortes 22% maior do que era esperado, aponta levantamento

O Brasil teve, no ano passado, 22% a mais de mortes por causas naturais do que o que era esperado, aponta um levantamento divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O estudo, realizado pela organização global de saúde Vital Strategies, aponta que houve 275.587 mortes a mais no ano passado do que o que era esperado.


Vítima da Covid é enterrada no cemitério Belém Novo, em Porto Alegre — Foto: Diego Vara/Reuters


As mortes por causas naturais incluem as que ocorreram por doenças, como a Covid-19. Nesse critério, não entram aquelas por acidentes ou armas de fogo, por exemplo.


Na análise dos dados, os pesquisadores apontam que a infecção pelo coronavírus não é, necessariamente, a causa direta do excesso de mortalidade visto para o ano passado.


"O número de óbitos superior ao que era esperado para o período pode também ser reflexo indireto da epidemia", explicam no estudo. "Mortes provocadas, por exemplo, pela sobrecarga nos serviços de saúde, pela interrupção de tratamento de doenças crônicas ou pela resistência de pacientes em buscar assistência à saúde, pelo medo de se infectar pelo novo coronavírus", dizem.

Ao todo, era esperado que 1.231.020 pessoas morressem por causas naturais em 2020, com base nos dados históricos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde de 2015 a 2019.


Os pesquisadores estimaram os óbitos que de fato ocorreram no ano passado – os chamados "óbitos observados" – com base em dados do Portal da Transparência do Registro Civil e da Central de Informações do Registro Civil (CRC), aplicando uma metodologia para corrigir a subnotificação.


Por isso, não é possível dizer que, no ano passado, morreram 1.506.607 pessoas, que é a soma do número de mortes observadas mais as mortes esperadas (veja detalhes na parte 'Metodologia' desta reportagem).


Veja os principais pontos do levantamento:

O excesso de mortes foi maior na faixa etária de até 59 anos: houve 31% a mais de mortes do que o esperado. Na faixa acima dos 60, foram 20% de mortes a mais.

Também foi maior entre os homens do que entre as mulheres: o excesso entre o sexo masculino foi de 25%, e entre as mulheres, de 19%.

O Sudeste foi a região com o maior excesso de mortes, com 38%, seguido do Nordeste, com 32%. O Norte teve 12% a mais de mortes do que o esperado, o Centro-Oeste, 10%, e o Sul, 9%.

Os dados foram calculados segundo as semanas epidemiológicas (que vai do domingo até o sábado seguinte). As semanas epidemiológicas com o maior excesso de mortes foram as 19ª e 20º: de 3 a 9 de maio e de 10 a 16 de maio, respectivamente. Em ambas, o excesso de mortes em relação ao período de 2015 a 2019 foi de 46%.

O estado com maior percentual de excesso de mortes foi o Amazonas, com 52% a mais de mortes em 2020 do que o que era esperado. O menor percentual foi visto no Rio Grande do Sul, que teve 9% a mais de mortes.

Mortes por Covid-19

O Painel do Conass e Vital Strategies não aponta a causa das mortes. Com base no levantamento do consórcio de veículos de imprensa, em 1° de janeiro deste ano, o Brasil contabilizava 195,4 mil mortes confirmadas pela Covid-19 desde o início da chegada do Sars CoV-2, com primeiro paciente registrado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro. Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 7.698.862 brasileiros desenvolveram a doença do novo coronavírus em 2020.


Metodologia

O número de pessoas que de fato morreram no ano passado só será visto na divulgação dos dados do SIM 2020 – o que, por causa da pandemia, ainda deve demorar meses. Também é possível que esse número só saia no ano que vem.


O excesso de óbitos foi calculado para cada estado, pelo sexo e pela faixa etária para cada semana epidemiológica do ano. Cada ano tem entre 52 e 53 semanas epidemiológicas.


O indicador de excesso de mortalidade total é a soma dos excessos semanais, segundo local, idade e sexo, a partir da semana 12, (de 15 a 21 de março) até a última semana epidemiológica do ano.


Fonte: G1

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