A pandemia do coronavírus reforçou uma tendência ruim que já vinha sendo observada nos últimos anos: a queda na aplicação de vacinas contra outras doenças, como o sarampo e a gripe, por exemplo.
Não é por acaso que o alerta sobre sarampo está na entrada da emergência pediátrica de uma das maiores redes hospitalares do Brasil. A doença voltou a assustar; um risco que a mãe de gêmeos não quer correr.
“A imunização, tanto para eles, quanto para comunidade, é para todo mundo, é um benefício para todos.
“É a única maneira de prevenir. É uma vacina muito eficaz, que foi capaz de controlar e a gente chegou a erradicar o sarampo nas Américas até 2016. Mas com a baixa cobertura vacinal e o retorno de casos nos países, fez com que a doença retornasse”, alertou Patrícia Guttmann, pediatra.
No Brasil, foram 18 mil casos confirmados de sarampo em 2019, segundo o Ministério da Saúde.
Em 2020, foram 8.400 mil casos e sete mortes. Para os especialistas, reflexo da queda na vacinação da tríplice viral - que imuniza contra o sarampo, a caxumba e a rubéola.
“A desinformação, as fake news, a politização e a polarização; tudo isso tem levado à insegurança para as pessoas. Então, com certeza, isso tem atrapalhado nas nossas coberturas vacinais. E podem atrapalhar nas coberturas vacinais da Covid”, afirmou Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
De 2018 para 2019, o número de doses da tríplice subiu de 12 para 17 milhões. Mas caiu para 12 milhões em 2020.
A cobertura contra gripe também está abaixo do patamar. Em 2019, foram apenas 377 mil pessoas vacinadas.
Em 2020, o medo da Covid fez aumentar esse número para 1,8 milhão. Mas continua bem longe dos 2,6 milhões vacinados de 2015.
Caíram ainda as vacinas contra meningite, difteria, coqueluche, tuberculose e HPV.
A Julia fez a parte dela.
“Dá um alívio de ter tomado.”
Os especialistas alertam que a baixa cobertura vacinal e o número cada vez maior de pessoas de volta às ruas forma um cenário perigoso, que faz aumentar a circulação de outros tipos de vírus, tanto quanto o do coronavírus. A diferença é que, enquanto ainda não tem vacina contra a Covid para todo mundo, existe imunização disponível para essas outras doenças.
“As pessoas vão se vacinar porque elas têm que perceber que, mesmo não vendo essas doenças, esse risco é real e a poliomielite, o sarampo, a coqueluche, não é? A rubéola, entre outras doenças, são doenças que podem matar ou podem levar a sequelas que são muito graves ao longo da vida", explica o infectologista Guilherme Werneck.
Gabriela teve sarampo já adulta e não quer que os filhos passem por isso também.
“Eu jamais deixaria de vacinar os meus filhos, não só contra o sarampo contra qualquer outra doença que tiver vacina em dia para que eles fiquem, sempre, com a caderneta de vacinação em dia, para que não sofram como eu sofri”, contou Gabriela Miranda da Silva, dentista.
Fonte: Jornal Nacional
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