sábado, janeiro 23, 2021

Após deixar de trabalhar com Trump, principal epidemiologista dos EUA fala em ‘sensação libertadora’

Maior especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos e conselheiro de todos os presidentes americanos desde Ronald Reagan, Anthony Fauci está aliviado com a mudança de poder no governo americano.


Anthony Fauci, infectologista chefe da Casa Branca, usa máscara durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (21) — Foto: Jonathan Ernst/Reuters


Depois de diversos embates com Donald Trump devido às divergências em relação ao combate à pandemia do novo coronavírus, que quase custaram a sua demissão, Fauci falou em “sensação libertadora”.

“Não tenho nenhum prazer em estar em uma situação de contradizer o presidente”, afirmou o epidemiologista de 80 anos, ao participar de uma coletiva na Casa Branca, na quinta-feira (21).


“A ideia de que eu posso subir aqui e falar sobre o que eu sei, quais são as evidências, o que é a ciência – deixe a ciência falar”, disse Fauci. “É uma sensação libertadora”.



O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA teve um relacionamento tortuoso com o ex-presidente e chegou a ser afastado das reuniões no Salão Oval e das entrevistas do governo americano sobre a Covid-19.


Joe Biden, que havia prometido na campanha “ouvir a ciência”, lançou ontem um plano nacional para combater a pandemia no país mais afetado do mundo (os EUA têm mais de 400 mil mortes e 24,6 milhões de infectados).


“Uma das coisas que vamos fazer é sermos totalmente transparentes, abertos e honestos”, afirmou o especialista aos jornalistas. “Se as coisas derem errado, não vamos apontar responsáveis, mas corrigi-los. E vamos fazer com que tudo o que fazemos seja baseado em ciência e evidências”.


Embates com Trump

Perguntado se gostaria de mudar ou esclarecer alguma coisa que disse durante o governo Trump, Fauci afirmou que sempre foi franco. “É por isso que às vezes me metia em problemas”.


Ele e outros conselheiros de saúde pública tiveram que lidar na Casa Branca com um presidente que minimizava o novo coronavírus, tentava promover curas milagrosas e usava a pandemia para atacar a China.


Trump chegou a defender a injeção de desinfetante em pacientes com Covid-19 e o uso da hidroxicloroquina e até se queixar de popularidade de Fauci.


Em julho, uma pesquisa mostrou que 67% dos entrevistados acreditavam e seguiam as orientações do especialista sobre o novo coronavírus, enquanto 26% diziam confiar nos conselhos de Trump.


A duas semanas da eleição em que foi derrotado, Trump chegou a chamar o epidemiologia e outras autoridades de Saúde do país de idiotas durante um comício: “As pessoas estão cansadas da Covid, de ouvir Fauci e esses idiotas”.


Fonte: G1

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