Após tentar vender um telefone celular pela internet, uma mulher caiu em um golpe. Os números dos documentos dela foram usados pelo homem que se identificou como comprador do aparelho. O nome dela já foi usado para dar golpes em 22 estados diferentes.
A nutricionista Roberta Martins queria vender o celular e fez uma oferta em um conhecido site de compras e vendas na internet.
“Eu fiz o anúncio e recebi vários contatos de interessados e um desses contatos foi uma negociação que acabou indo um pouco mais para a frente”, contou Roberta.
O comprador pediu fotos e vídeos para comprovar que o aparelho estava em bom estado. Ela enviou e o homem afirmou que desejava fechar negócio.
“Esta pessoa me enviou uma carteira, um documento, e dizendo: 'Olha, para estabelecermos uma segurança, eu peço que você me envie o seu documento também, porque eu vou fazer um depósito na sua conta de um valor alto'. Eu achei pertinente, acabei enviando a foto do meu documento”, contou a nutricionista.
A negociação não avançou mais e Roberta acabou vendendo o aparelho para outra pessoa. Porém, a foto da carteira de motorista que foi enviada acabou dando origem a vários problemas.
“Passou umas três, quatro semanas, foi quando a primeira vítima entrou em contato comigo dizendo que estavam fazendo falsos anúncios na internet, se passando por mim e usando os meus dados para vender o celular”, contou a nutricionista.
A OLX, empresa onde foi feito o anúncio, afirmou que não recebeu evidências dos falsos anúncios na plataforma e afirmou que está à disposição da autoridades para colaborar na apuração dos fatos.
Crimes em 22 estados
Aquela foi a primeira ligação de centenas que ela continua a receber até hoje. Há 3 anos os criminosos usam os documentos dela para dar golpes pela internet. Ela registra e guarda imagens de cada um dos crimes. E descobriu que o nome dela já foi usado em 22 estados do país.
A nutricionista já registrou várias queixas na delegacia, mas não adianta. Os criminosos oferecem de tudo, sempre usando o nome dela.
“Cachorro, carro, roupa, videogame, celulares, relógios, aluguel de casas. A foto deles, quando eles se comunicam com a pessoa, que eles usam no Whatsapp, é uma foto minha”, contou Roberta.
De vítima, Roberta passou a ser acusada de ser a criminosa. Quem não conhece a história acaba achando que ela é a golpista.
“Já vieram na minha casa cobrar a venda de um aparelho de celular, já ligaram pro meu trabalho dizendo que tinha uma golpista trabalhando lá, já informaram os meus amigos. Então é um constrangimento constante”, contou.
Desconfiar sempre
Uma advogada especialista em Direito digital afirma que o recomendado é desconfiar sempre na hora de fechar negócios na internet. Ela sugere fazer chamadas de vídeo com o vendedor ou comprador para ter certeza de que está falando com a pessoa que aparece no perfil.
“Em caso de vendas, faça um print da tela sempre, da tela da pessoa que está falando. Você tem que estar sempre com o pé atrás, para você ter estes documentos. Para que, depois, possa ir em uma delegacia, em algum lugar, e se proteger disso”, destacou a advogada Mônica Hesketh.
Roberta criou três páginas nas redes sociais para alertar sobre o golpe. Atualmente, ela passa grande parte do dia na frente do computador. Mesmo assim, os ataques continuam: no último sábado (9), ela soube que mais uma pessoa foi vítima dos criminosos. O que ela mais deseja é que o problema chegue ao fim.
Fonte: G1
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