A vacinação contra a Covid-19 na França será gratuita para todos e deve ter início em janeiro para idosos em casas de repouso (1 milhão de pessoas). Em fevereiro, será a vez de pessoas fragilizadas por idade ou patologias (14 milhões) e, na primavera, para toda a população maior de 18 anos, anunciou o primeiro-ministro Jean Castex nesta quinta-feira (3) em uma coletiva de imprensa.
Primeiro-ministro francês revela a estratégia de vacinação da França e tenta acalmar os franceses temerosos numa coletiva de imprensa em Paris, na quinta-feira (3) — Foto: Reuters/Benoit Tessier/Pool
A campanha de vacinação começará com as duas vacinas que estarão disponíveis, na melhor das hipóteses nos últimos dias de dezembro, se não a partir de janeiro, após autorização das autoridades de saúde europeias e francesas: a vacina Pfizer/ BioNtech e a vacina Moderna, acrescentou Castex.
Graças às encomendas feitas a nível europeu, "a França terá um potencial de 200 milhões de doses, o que permitirá que 100 milhões de pessoas sejam vacinadas", uma vez que a vacina requer atualmente duas injecções com algumas semanas de intervalo.
Para garantir o acesso gratuito à vacina, o governo destinou €1,5 bilhão para a vacinação no orçamento da Saúde para 2021.
“O nosso primeiro objetivo é garantir que a França tenha vacinas suficientes para a sua população. E obviamente, e esta é outra vantagem das negociações conduzidas a nível europeu, pagaremos apenas o que de fato nos for entregue no final”, sublinhou o primeiro-ministro.
Estratégia
A estratégia de vacinação, coordenada pelo especialista em doenças infecciosas Alain Fischer, também presente na coletiva de imprensa, "será apresentada ao Parlamento" durante o mês de dezembro, disse Jean Castex, que está "empenhado em garantir que toda a transparência, toda a pedagogia seja feita nas decisões que serão tomadas".
O plano do Executivo, explicou o primeiro-ministro, será apresentado ao Parlamento "como parte de um debate previsto no artigo 50-1 da Constituição", que pode envolver uma votação, mas não implica responsabilidade do governo.
Castex lembrou que a "transparência" era um "imperativo" diante da "relutância, às vezes até dos temores expressos por alguns de vocês". A França é o país europeu com mais resistência à vacina. Cerca de metade da população não quer ser vacinada.
O primeiro-ministro disse também que, apesar de o governo liberar os deslocamentos nas vésperas de Natal e Ano novo, as reuniões não devem contem mais de seis adultos, sem contar as crianças. "Este Natal não vai ser como os outros. Temos de estar atentos e solidários", disse o ministro, lembrando a nova alta de casos nos Estados Unidos depois do feriado de Ação de Graças, no último 26 de novembro.
Medo da vacina
Para assegurar os franceses refratários à vacina, ele deixou claro que as vacinas só chegarão à França depois de serem aprovadas tanto pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) quanto pela Alta Autoridade de Saúde francesa. Castex assegurou também as pessoas vacinadas serão seguidas de perto pela sistema de Saúde.
"A vacina contra o medo é o conhecimento", disse o ministro da Saúde Olivier Véran, também presente na coletiva de imprensa, citando a estratégia do governo de informação e transparência para criar confiança nos franceses que têm medo de tomar a vacina.
"A circulação do vírus continua a diminuir, semana a semana”, disse o primeiro-ministro, evocando as pressões sobre os hospitais que 'relaxam', com 3.488 pessoas em cuidados intensivos na noite de quarta-feira, e a perspectiva de passar nos próximos dias a uma média de 10 mil casos diários.
A coletiva de imprensa durou mais de uma hora e meia e temas como o fechamento das estações de esqui em toda a França e a morte do ex-presidente Giscard d'Estaing aos 94 anos por complicações da Covid também foram abordados.
Fonte: RFI
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