Agricultores familiares da região do Mato Grande potiguar serão beneficiados com a construção de duas Unidades de Beneficiamento de frutas para produção de doces, geleias e polpas, e de milho para produção de cuscuz crioulo. Com investimento da ordem de R$ 1,8 milhão, o convênio para viabilização do projeto foi assinado nesta segunda-feira (7) pela governadora Fátima Bezerra e representantes da Caixa Econômica Federal. A verba é oriunda de uma emenda parlamentar da deputada federal Natália Bonavides.
Projetadas para serem construídas nas cidades de Ceará-Mirim e Pureza as Unidades de Beneficiamento deverão beneficiar cerca de 300 famílias de forma direta e outras 500 famílias indiretamente, segundo o titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf), Alexandre Lima. A expectativa é de que esses instrumentos estejam disponíveis e em funcionamento, atendendo à população, até o final de 2021. Conforme detalhado por Alexandre Lima, uma das unidades deverá trabalhar com o beneficiamento da banana, gerando doces e geleias da fruta. Enquanto a outra produzirá o flocão (cuscuz), uma “iniciativa inédita” no Rio Grande do Norte segundo o secretário.
A Unidade de Beneficiamento de frutas será construída no Projeto de Assentamento Nova Esperança Rosário, em Ceará Mirim, e irá beneficiar diretamente as 57 famílias que fazem parte da Associação dos Trabalhadores Rurais da Agrovila e, de forma indireta, a mais de 500 famílias pertencentes aos projetos de assentamento do entorno. Já a UB de Milho será construída em Pureza, no Projeto de Assentamento Bernardo Marim, gerando um benefício direto a 47 famílias assentadas e, indiretamente, à 249 famílias dos projetos de assentamento da região.
“O que está por trás é a cidadania e dignidade para o nosso povo que está no campo”, afirmou a governadora Fátima Bezerra ao assinar o contrato. Além desse projeto, ela destacou que o Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Economia Solidária, o PECAFES é uma referência para o Nordeste, valoriza o homem do campo ao determinar que 30% das compras dos órgãos do Estado sejam oriundos da agricultura familiar.
Autora da emenda, a deputada federal Natalia Bonavides, destacou que fortalecer a agricultura familiar também significa ter alimento “mais saudável” na mesa da população. Ela reforçou que pensar políticas públicas para o trabalhador do campo vai além da redistribuição de terra. “A reforma agrária popular não é apenas dar um pedaço de terra e largar o trabalhador à própria sorte. É preciso garantir condições produtivas”, afirmou.
Representando a direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Milton Fornazieri, salientou a importância das centrais ao fortalecer a produção do agricultor. “Esta ação representa um novo tempo de fazer política e empoderar o povo. São subsídios para ajudar o trabalhador a caminhar com suas próprias pernas e tirar os atravessadores do caminho”, destacou.
O superintendente Regional da Caixa Econômica Federal, Fares Haum Júnior, reiterou o dever do Banco de acompanhar a condução das obras até a entrega ao Estado. “Este equipamento será de fundamental importância não só para os dois municípios onde eles serão instalados, mas para todo o Estado”, declarou o superintendente.
Sonho antigo
A trabalhadora rural Elenilde Maria, do assentamento Rosário em Ceará-Mirim, lembrou que a construção das Unideades de Beneficiamento é um sonho antigo dos agricultores da região. “Eu gostaria de agradecer por esse projeto levar a agroindústria para a nossa comunidade que é um sonho de 20 anos do nosso povo”, disse.
O coordenador estadual do MST, Ildebrando Silva de Andrade, reforçou que esse é um desejo antigo e que não é benefício apenas para os assentados, mas para toda a cadeia produtiva da região. “O nosso produto hoje é vendido de forma direta, in natura. Com o benefício das Centrais, o leque de clientes aumenta e ainda melhora a qualidade final dos produtos disponíveis para o consumidor”, ressaltou.
Para o trabalhador do assentamento Rosário, Sebastião Bezerra da Silva, a Central chega em uma boa hora e, com produtos beneficiados, os agricultores não ficarão mais reféns de intermediários, o que gera otimismo. “Hoje, a gente vende para o atravessador e com a indústria vai melhorar muito a produção e incentivando o trabalho dos jovens”, afirmou.
Outras ações
O secretário Alexandre Lima também destacou que, na atual gestão, as políticas públicas para o homem do campo não se resumem apenas a essa única ação, mas sim a uma série de projetos e programas que fortalecem a cadeia produtiva, citando, o PECAFES. “Já foi investido cerca de R$ 13 milhões em compras da agricultura familiar. O Estado tem o maior programa de aquisição de sementes. Não é apenas uma ação isolada de beneficiar, mas um conjunto de atividades”, apontou.
Ainda foi destacado o edital para a contratação de apoio técnico ao agricultor como mais uma ação do governo junto ao trabalhador rural. Alexandre Lima projeta novas Unidades de Beneficiamento para o futuro, voltada para o corte de carne.
Fonte: Tribuna do Norte
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