A Universidade de São Paulo e mais dois centros de pesquisa da cidade de São Paulo estão recrutando voluntários para a terceira fase da vacina contra o HIV, desenvolvida pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Os resultados das duas primeiras fases de testes foram promissores.
Podem participar desses testes homens gays, bissexuais e homens e mulheres transexuais, de 18 a 60 anos. Segundo os pesquisadores, essas pessoas estão mais vulneráveis a pegar HIV.
Os voluntários podem procurar a USP, o Hospital Emílio Ribas ou o centro de Referência Vila Mariana. Eles passarão por uma triagem. Para ser voluntário não pode ter HIV. A vacina, chamada de mosaico, começou a ser desenvolvida há 5 anos e já passou por várias etapas.
A vacina injetará no voluntário o Adenovírus 26, que é um vírus inofensivo para o ser humano. Dentro desse vírus são colocadas várias informações genéticas. Quando o voluntário recebe o adenovírus com todas as informações, ele se multiplica e a pessoa começa a produzir uma defesa contra o HIV sem nunca ter tido contato com o vírus. Depois de imunizada, a chance da pessoa pegar a doença se entrar em contato com ela é muito menor porque o organismo já terá produzindo defesas.
Durante as primeiras fases de teste, macacos foram vacinados e produziram uma resposta imune, de acordo com o médico infectologista Ricardo Vasconcelos.
“Macacos tiveram 67% menos infecções quando vacinados com essa vacina. Em seres humanos, a gente sabe que essa vacina é bastante segura, que não tem eventos adversos graves e que os seres humanos vacinados produzem também essa mesma resposta imune, igual aos macacos. Resta saber agora se essa resposta imune nos seres humanos protege ele da mesma maneira que protegeu os macacos”, afirma.
Metade dos voluntários receberá a vacina e metade receberá o placebo.
“O que pretendemos mostrar é que quem pegou a vacina pegue menos infecção por HIV do que quem recebeu placebo. Igual aos estudos de fase 3 de vacina de Covid. O que a gente espera, no mínimo, que seja tão boa quanto foi nos macacos.”
Depois de vacinados os participantes serão acompanhados por um e ano e meio a dois anos a princípio. Atualmente, pessoas portadoras de HIV conseguem levar uma vida relativamente normal, mas a expectativa de uma vacina é positiva.
O estudante Matheus Pereira da Silva, que tem HIV há 5 anos, falou sobre a importância da vacina.
“Hoje em dia graças ao avanço do tratamento consigo manter a minha saúde estável e tenho aí uma expectativa muito próxima de pessoas que não têm o vírus. Se há agora essa possibilidade das pessoas tomarem essa vacina de forma preventiva para não contrair o HIV, isso seria excelente”, afirma.
“A prevenção continua sendo a nossa maior aliada contra o HIV para as pessoas. Quem puder participar, puder ajudar a nossa população desta pandemia, hoje em dia a gente fala tanto de pandemia. Essa pandemia de HIV e Aids que se arrasta há décadas, a pandemia que nunca acabou.”
Fonte: G1
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