A Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, estima que no meio de 2020 o número de pessoas obrigadas a deixar suas casas por perseguição, conflito e violações de direitos humanos tenha ultrapassado a marca de 80 milhões, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (9) em Genebra, na Suíça.
Uma imigrante na ilha de Lesbos, na Grécia, em 9 de setembro de 2020 — Foto: Elias Marcou/Reuters
No começo do ano, segundo a Acnur, esse número chegava a 79,5 milhões.
Conforme os dados mais recentes, a maioria das pessoas forçadas a deixar suas casas (57,5%) permaneceu em seus próprios países — é o que a Acnur chama de "deslocamento interno", também motivado por perseguição, conflito e violações de direitos humanos.
Além disso, 30% desse número — ou 26,3 milhões — são formalmente consideradas refugiadas: estão em situação de refúgio em outros países. E pouco mais de 4%, ou seja, 3,6 milhões, deixaram suas casas mas ainda procuram refúgio.
4,5 milhões de venezuelanos
A agência aponta que 4,5 milhões de venezuelanos estiveram fora de seus locais de origem em 2020. A maioria deles (3,6 milhões) foi para outro país, mas eles ainda não obtiveram a condição de refugiado.
No Brasil, para agilizar o reconhecimento da condição de refúgio de venezuelanos, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) declara desde junho de 2019 a Venezuela em situação de grave e generalizada violação dos direitos humanos.
Considerando apenas refugiados e a situação peculiar dos venezuelanos, a Acnur informa que dois terços (67%) dessa população vêm de apenas cinco países: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar.
Pandemia de Covid-19, guerras e pobreza
A Acnur cita uma análise do Banco Mundial que aponta três fatores que podem agravar crises econômicas ao redor do mundo e forçar mais deslocamentos: a pandemia de Covid-19, conflitos armados e mudança climática.
Em seu comunicado, a Acnur cita alguns dos conflitos que fizeram com que houvesse mais deslocados: a violência na Síria, na República Democrática do Congo, em Moçambique, na Somália e no Iêmen.
Novos deslocamentos significativos também foram registrados na região do Sahel Central da África, à medida que civis são submetidos a violência brutal, incluindo estupro e execuções.
“Com o deslocamento forçado dobrando na última década, a comunidade internacional está falhando em garantir a paz”, disse Filippo Grandi, Alto Comissariado da ONU para Refugiados.
“Estamos ultrapassando outro marco sombrio que continuará a crescer, a menos que os líderes mundiais façam as guerras parar.”
Fonte: G1
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