O motorista da caminhonete envolvida no acidente que terminou com a morte de um casal na BR-226 se apresentou espontaneamente à polícia e prestou depoimento na Delegacia de Macaíba, que investiga o caso. Ele alegou não ter fugido do local.
O acidente aconteceu no sábado (28) e causou a morte de Gabriella Nascimento de Góis, de 19 anos, e João Vitor Lima da Silva, de 21, que estavam na moto que colidiu com a caminhonete.
Segundo o delegado Cidorgeton Pinheiro da Silva, a Polícia Civil busca entender o motivo pelo qual o condutor se ausentou do local do acidente após a colisão, mesmo tendo retornado depois, e se o homem de 61 anos é realmente quem dirigia o veículo.
"Inicialmente, com o que já foi colhido, trabalhamos com a linha investigativa de um homicídio culposo no trânsito e a tentativa do suspeito de se isentar da responsabilidade civil e criminal, deixando o local", explicou o delegado.
Homicídio culposo é previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro com pena de dois a quatro anos de prisão e suspensão ou proibição da habilitação para dirigir.
No depoimento, o condutor de 61 anos disse que não fugiu do local do acidente. Segundo ele, logo após a colisão, ele ficou "com problemas de respiração" e uma pessoa em um carro o ofereceu ajuda para levá-lo a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Ele aceitou a carona, mas pediu para ir para casa, onde tomou um banho, e alega ter melhorado. Assim, disse que retornou ao local do acidente em seguida. Lá, teria sido orientado por um policial rodoviário federal para ir ao posto da PRF em Macaíba, o que, segundo o motorista, foi o que ele fez.
O condutor chegou a fazer o teste do bafômetro, que deu negativo, com as autoridades no local do acidente. O comprovante do teste foi anexado ao inquérito policial e comprovado pela Polícia Civil.
"Ele ficou desorientado no início e foi levado por um popular até um posto de saúde. Antes de chegar no posto de saúde, ele passou em casa e por estar se sentindo bem retornou para o local do acidente", disse o advogado de defesa, Thyago Amorim.
"Ele não fugiu, ele ficou no local do acidente. Existem testemunhas que o viram e as pessoas que levaram ele do local".
Segundo o advogado, ele seguiu até cerca de 21h do dia do acidente no posto policial da PRF. No depoimento, o condutor alega que foi autorizado a deixar o local pelos próprios policiais.
Dúvidas sobre quem conduzia o veículo
A Delegacia de Macaíba também investiga se o homem de 61 anos que se apresentou era realmente quem conduzia o veículo no momento do acidente.
Segundo o delegado Cirdorgeton Pinheiro, a suspeita se dá exatamente pelo fato do motorista ter se ausentado do local após a batida.
"Estamos apurando toda dinâmica de como aconteceu esse fato e infelizmente também algumas nuances que surgiram em razão da conduta do suspeito. Ele teria fugido do local e posteriormente se apresentado como condutor do veículo e também proprietário", explicou.
Segundo o delegado, inclusive considerando o depoimento do suspeito, "fica bem caracterizada a tentativa de fugir do local do evento para se eximir de responsabilidade civil e penal".
"A forma ou o possível arrependimento posterior, retornando ao local, vai ser analisado durante o transcorrer das investigações", disse.
"Mas isso causou a grande problemática da investigação por ter sido agora suscitado se ele é o condutor do veículo ou não. Isso a gente vai esclarecer".
Dinâmica do acidente
A defesa do homem de 61 anos alega que ele não cometeu nenhuma irregularidade no trânsito que possa ter culminado com o acidente. Segundo o advogado Thyago Amorim, o condutor não fazia uma conversão no local e, sim, uma travessia, saindo de outra via.
"Ele estava vindo numa via perpendicular atravessando para continuar no mesmo caminho. Antes de atravessar, ele parou. Ele alega que não tinha ninguém, não viu a moto. E isso se deu provavelmente porque a moto veio depois em alta velocidade", disse.
Segundo o advogado, ele já havia concluído a travessia quando foi atingido no acostamento. "O choque já se deu do lado de fora da pista, já no acostamento. Ainda é possível ver estilhaços do acidente no paralelepípedo, o que evidencia que choque se deu ali, e não em cima da pista", disse.
"Uma coisa é certa: não houve má-fé do condutor, ele não agiu com culpa, não houve negligência, nem imprudência e nem imperícia dele. E ele não se furtou à ação da polícia".
A Polícia Civil neste primeiro momento investiga o caso tendo em vista uma possível imprudência do condutor da caminhonete.
"Inicialmente o que foi nos trazido da dinâmica do evento aponta uma imprudência do parte do suspeito condutor do veículo automotor. Inicialmente. Se, em algum momento, ficar caracterizado uma culpa concorrente do condutor da motocicleta e da sua garupa, isso também será verificado e corrigido dentro dos autos".
O caso
Gabriella Nascimento de Góis, de 19 anos, e João Vitor Lima da Silva, de 21, estavam em uma moto na BR-226 em Macaíba e colidiram com uma caminhonete que tentava fazer a travessia da pista. Com o impacto, os dois foram jogador para dentro do veículo e morreram na hora.
O casal namorava há um ano e planejava o noivado, segundo a família.
O sargento Severino Góis, de 54 anos de idade, da Polícia Militar foi chamado para a ocorrência do acidente. Quando chegou ao local, ele percebeu que uma das vítimas era a própria filha. Ele definiu o momento como a "pior experiência da vida" e disse que pediu "muita força a Deus quando vi que era ela".
Fonte: G1
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