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segunda-feira, dezembro 21, 2020

Enfermeiro de 39 anos morre após cair de parapente em Alfredo Chaves, no Sul do ES

Um enfermeiro de 39 anos morreu após cair de parapente na manhã deste domingo (20). Wanderley Nilo Barata havia saltado na rampa de voo livre de Cachoeira Alta, em Alfredo Chaves, no Espírito Santo.


De acordo com familiares, Wanderley era praticante de voo livre desde 2018 e tinha habilitação para o esporte. A queda aconteceu depois que a vela do equipamento se fechou no ar.


"Ele já estava voando há três minutos, mas a vela fechou e ele perdeu a velocidade. Quando a vela começou a fechar, viram ele sumindo atrás de um monte. Eles não viram ele cair. Mas ele sumiu e não apareceu mais", contou a cunhada de Wanderley, Nataly de Oliveira Freitas.



Wanderley Nilo Barata, 39 anos, morreu após cair de um parapente em Alfredo Chaves. — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal


Na manhã do acidente, Wanderley e a esposa, que moravam em Cariacica, foram a Alfredo Chaves para aproveitar o dia de folga. A filha do casal, de oito anos de idade, ficou aos cuidados de Nataly.


"Ele estava muito contente com aquilo porque era a folga dele, porque como ele trabalhava muito, dia de folga ele falava 'Oba, tem sol, eu vou voar'. Ele gostava muito", lembra a cunhada.


A queda aconteceu antes das 10h e o enfermeiro chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos múltiplos ferimentos. De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o Corpo de Bombeiros foi acionado para atender a ocorrência.


Uma equipe de militares se deslocou por terra para atender o enfermeiro, que já apresentava um quadro grave. No entanto, foi preciso acionar o Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) para fazer o resgate. O óbito foi constatado em uma unidade de saúde.


Wanderley atuava como enfermeiro no Pronto Atendimento (PA) de Cobilândia e no Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), ambos em Vila Velha. De acordo com Nataly, ele era experiente e prezava pela segurança na prática do esporte.


"Ele era muito cuidadoso com essa questão de segurança, conferia tudo. Se não estivesse tudo 100%, ele não ia", frisou a cunhada.


Segundo Nataly, o resgate aéreo aconteceu por volta das 13h, ou seja, três horas após a queda de Wanderley. Para a família, um socorro mais ágil poderia ter dado ao enfermeiro mais chances de sobreviver ao acidente.


"Se tivesse chegado em uma hora e meia, por exemplo, na metade desse tempo, a gente acha que ele não teria partido. A gente fica sem saber o que pensar, porque a gente não sabe a vontade de Deus, a gente tem que aceitar, mas o pessoal que participa desses voos devia ter uma estrutura de atendimento porque não é a primeira vez. A gente sabe que é um esporte perigoso, mas devia ter uma atenção melhor. Já que existe esse esporte, o apelo é para que as pessoas abram os olhos e fiquem mais atentas com a estrutura de atendimento em acidentes", disse Nataly.



O Corpo de Bombeiros ressaltou que não houve morosidade e que o atendimento foi realizado da forma mais rápida possível, tendo em vista as difíceis condições de acesso da região em que Wanderley caiu. O local era de mata fechada, próximo a uma ribanceira e com pouco sinal telefônico. Confira a nota completa do Corpo de Bombeiros no final desta matéria.


A Polícia Civil informa que o caso foi registrado, inicialmente, como morte acidental, no entanto, as circunstâncias do fato serão investigadas por meio da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves. Outras informações não serão repassadas para que a apuração dos fatos seja preservada.


'Vela era segura', diz presidente de federação

O presidente da Federação Capixaba de Voo Livre, Marx Borges Loureiro, lamentou o ocorrido. Segundo ele, a vela utilizada no parapente de Wanderley era própria para praticantes iniciantes e é considerada uma das mais seguras do mundo. Marx afirma também que o acidente pode ter sido provocado por um conjunto de fatores, entre eles, a alta temperatura, a falta ou o excesso de comando do parapente e, ainda, a inexperiência do piloto.


A comissão técnica da Federação buscará avaliar as causas do acidente. No entanto, a análise tem sido dificultada pela falta de imagens do momento do acidente.


Sobre a questão da segurança, Marx diz que os pilotos de parapente possuem curso de primeiros-socorros e que as rampas de voo livre são adaptadas para possibilitar o resgate. Quando há campeonatos, ambulâncias e equipes do Corpo de Bombeiros permanecem nos locais, mas isso não é possível em finais de semana comuns.


"A dificuldade de acesso ao local em que ele caiu complicou a chegada das equipes de socorro", disse Marx.


O presidente também pontuou que, apesar de ser um esporte perigoso, é possível voar com segurança. "O esporte é de muito risco, mas com as devidas precauções dá para voar bem, dá para voar tranquilo".



Confira a nota do Corpo de Bombeiros

"O Corpo de Bombeiros informa que o acionamento ocorreu às 9h54, a equipe se deslocou à região às 10h10 e chegou ao local às 11h05. A área é zona rural, de difícil acesso, com pouco sinal telefônico e houve necessidade de indicação de populares para que a equipe conseguisse encontrar o ponto exato onde estava a vítima, em uma região de mata fechada, local de ribanceira. Mesmo com todas as dificuldades de atendimento, o esportista recebeu os primeiros socorros de maneira célere e, apesar de estar com quadro grave de múltiplas fraturas e trauma craniano, ainda estava consciente e a aeronave foi imediatamente acionada. No horário de 11h34 a vítima entrou em parada cardiorrespiratória e foram feitos procedimentos de reanimação até a chegada da aeronave, por volta de 12h10, tempo necessário de deslocamento de Vitória, onde está a base do Notaer, até a região de mata em Alfredo Chaves. A vítima foi retirada do local e deixada aos cuidados da equipe médica, sendo a ocorrência totalmente finalizada pelo Corpo de Bombeiros às 14h55. Não há informações que identifiquem qualquer tipo de morosidade no atendimento, realizado da maneira mais rápida possível, tendo em conta as dificuldades de acesso à região".


Fonte: G1

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