O subcomandante geral da PM em Santa Catarina afirmou que vê semelhança entre o roubo que levou terror a Criciúma, no Sul de Santa Catarina, na madrugada de terça (1º) e os ataques recentes a agências em Sorocaba e Botucatu, no interior de São Paulo. Segundo o coronel Marcelo Pontes, a forma de agir das quadrilhas e até os explosivos usados são semelhantes. Veículos com placas de São Paulo estão entre os usados no assalto. A Polícia Civil apura se há elo entre os bandos.
"A similaridade aconteceu com a ocorrência de Botucatu. Fiz contato com o comandante lá e basicamente ele até indicou, talvez a participação de alguns criminosos, inclusive com qualificação, e a forma como atuaram: atiraram contra o quartel, em torno de quarenta masculinos, então as características são semelhantes as que nós enfrentamos aqui", disse Pontes.
Segundo ele, os artefatos explosivos utilizados na ação criminosa em Criciúma também são semelhantes a usados em Sorocaba, também no interior de São Paulo.
"A similaridade é em tudo, inclusive nos artefatos explosivos, não dá para dizer que são os mesmos, mas a similaridade, da forma como foram montados, com relação a uma ocorrência lá em Sorocaba, não de Ourinhos, teve uma ocorrência em Sorocaba, que a gente trocou informações com a inteligência deles, a similaridade é bem próxima do que foi utilizado. Então, tem essas relações", explicou o subcomandante da PM SC.
A Polícia Civil investiga a possível relação entre as ações, mas está na fase de coletar informações para as investigações, que têm "várias linhas de trabalho e uma série de diligências sendo realizadas", de acordo com o delegado Luis Felipe Fuentes, diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
"Não temos como confirmar se são os mesmos explosivos usados em Ourinhos, Botucatu e outras cidades do interior de São Paulo, mas oficialmente a gente não tem. [...] Alguns assuntos não chegamos a debruçar especificamente porque está uma fase de coletar informações, indícios, acompanhamento das perícia", afirmou.
Houve reféns e tiroteio entre a noite de segunda-feira (30) e a madrugada de terça (1º). Um policial militar ficou ferido e precisou passar por cirurgias. Ele segue na UTI em estado grave e colegas de corporação se mobiliaram para doar sangue a ele.
Banco do Brasil alvo de assalto na madrugada de terça-feira reabriu nesta quarta — Foto: Eduardo Prestes/NSC TV
Quatro homens foram detidos pelo furto das cédulas abandonadas pelos criminosos. Nenhum suspeito de integrar a quadrilha havia sido preso até a publicação desta reportagem. A polícia gaúcha também está auxiliando nas buscas e barreiras de fiscalização foram montadas nas estradas.
A agência bancária alvo do assalto reabriu nesta quarta-feira (2). O local ficou com marcas de tiros nas janelas e paredes.
Até o início da tarde desta quarta, nem o Banco do Brasil ou polícia confirmaram o valor levado pelos criminosos e quanto foi deixado no local, onde fica atesouraria regional do banco.
Banco em Criciúam ficou com marcas de tiro — Foto: Eduardo Prestes/NSC TV
Uso de veículos
Ainda segundo o subcomandante da PM, os carros usados no assalto são de outros estado. "Os veículos vieram de fato de São Paulo [Estado]. Inclusive tem um veículo que veio da Bahia, passou no interior de São Paulo e veio pra cá, dia 28, 29 do mês passado", disse Marcelo Pontes, em entrevista ao Encontro com Fátima Bernardes.
Mas segundo Pontes, os veículos não devem ser os mesmos usados nas ações semelhantes no interior de São Paulo. "Os veículos são descartados, não são os mesmos. Vieram de São Paulo, mas não tem relação com a ocorrência anterior", completou.
Carros apreendidos durante investigação do assalto em Criciúma — Foto: Diorgenes Pandini/NSC
De acordo com o Instituto Geral de Perícia, nove dos 10 carros são blindados. Eles estão sendo periciados, após terem sido encontrados em um milharal. Foram encontradas manchas de sangue em dois carros desses carros e por isso, a suspeita é que algum dos criminosos tenha ficado ferido e possa ter passado de um veículo para outro.
A Polícia Civil tenta identificar a origem específica dos veículos. "Normalmente são de origem ilícita, furtados, roubados", disse o delegado Fuentes.
A Polícia Federal Rodoviária (PRF) descobriu que o caminhão queimado na BR-10, utilizado pelos criminosos para trancar o túnel do Morro do Formigão, em Tubarão, foi roubado há dois anos em Araraquara (SP). No entanto, estava com placas clonadas e outros sinais identificadores iguais ao de outro caminhão de mesmas características, registrado em Dumont (SP).
Possível relação com assalto em Cameta (PA)
Na madrugada nesta quarta-feira (2), uma quadrilha tomou as ruas de Cametá, no interior do Pará, a 235 km de Belém, para assaltar um banco. Moradores relataram em redes sociais uma noite de terror. Uma pessoa morreu.
As características são parecidas com a o que ocorreu em Criciúma, mas a segundo o delegado Luis Felipe Fuentes, diretor da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), não é possível confirmar se o assalto em Cameta tem relação com o assalto em Criciúma.
"É muito preliminar e não há como indicar qualquer circunstâncias que possam dizer que o roubo no Pará tenha a ver com a situação de Criciúma", disse.
Ele também não confirmou sobre a possível relação entre os assaltos do interior de São Paulo e em Criciúma.
A investigação da Polícia Civil até o momento aponta que a ação tenha sido realizada por criminosos de outros estados, alguns deles há pelo menos três meses na região de Criciúma planejando o assalto.
Ainda conforme o diretor da Deic ao G1, não se pode, por enquanto, confirmar que alguma facção criminosa tenha participado do assalto.
"Normalmente, nesses roubos a banco têm grupos experientes, pessoas que de longa data atuam nesse ramo criminosos e nem sempre se filiam a facções, já têm certa independência. Pela quantidade de criminosos, pessoas muito provavelmente oriundas de vários estados do Brasil, pode ser que alguém tenha algum vínculo com facção, mas isso só vai se confirmar a posteriori", afirmou Fuentes.
Investigação deve demorar
Madrugada de tensão e tiroteio na cidade de Criciúma — Foto: Caio Marcello/Agif - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo
Segundo a Polícia Civil, não há previsão para o fim das investigações sobre o ataque em Criciúma, que pode ser demorada. A polícia usou como exemplo um assalto registrado em março de 2019 e que até então era considerado o maior no estado — nem todos os envolvidos foram presos ainda.
“São investigações que vão requerer um prazo longo para poderem ser realizadas, assim como também todas as informações que nós recebemos são checadas. E isso requer tempo", afirmou o delegado geral da Polícia Civil, Paulo Koerich.
Segundo o delegado da Deic, Anselmo Cruz, responsável pela investigação, a ação criminosa foi bem planejada com "vários meses de antecedência". "Não temos dúvida que a ação que foi bem arquitetada, a ação criminosa foi feita com muito planejamento, com muito preparo, por conta dessa logística toda", disse.
Relembre o caso
Uma quadrilha assaltou um banco entre o fim da noite desta segunda-feira (30) e início da madrugada desta terça-feira (1º) em Criciúma.
O grupo fortemente armado invadiu a tesouraria regional de um banco, provocou incêndios, bloqueou ruas e acessos à cidade, usou reféns como escudos e atirou várias vezes. Um PM ficou ferido. A Polícia Militar acredita que dois criminosos tenham se ferido também.
Fonte: G1
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