O Rio Grande do Norte manteve nesta semana uma tendência de crescimento no número de internações por Covid-19 no estado. O aumento mais acentuado se dá, principalmente, nos leitos críticos das unidades particulares. Em Natal, alguns hospitais já começam a ter um nível de ocupação de 100% ou próximo disso.
Hospital Rio Grande, em Natal, tem 100% de ocupação nos leitos críticos — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
O Hospital Rio Grande é um deles. Desde setembro, com a diminuição de casos graves, a unidade reduziu de 47 leitos críticos de Covid-19 para 21, sendo 10 de UTI e 11 de semi intensivos. Atualmente, todos eles estão ocupados.
Também na capital potiguar, o Hospital do Coração é outro que tem ocupação quase total nos leitos críticos. Atualmente, são 14 leitos destinados para Covid-19 na unidade e 12 deles já estão ocupados. Durante o período mais crítico da pandemia, eram 56 leitos críticos disponíveis.
"No último fim de semana não existia leitos na rede privada. Quem procurou leitos para internação na rede privada, sabe a dificuldade que teve. Teve que ficar internado nos prontos socorros por 24, 48 e até 72 horas", alertou o infectologista André Prudente, que é diretor do Hospital Giselda Trigueiro, em Natal.
Desde o dia 11 de novembro, o número de internados no estado tem aumentado. A rede privada, que chegou a ter 13 pacientes em leitos críticos no mês de outubro, já registra 60, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria do Estado da Saúde Pública (Sesap) de segunda-feira (23).
Segundo o documento, ocupação dos leitos críticos particulares é de 39,2% e dos públicos de 51,2%. O sistema Regula RN, plataforma que monitora as internações no estado, apontava às 14h20 desta terça-feira (24) que o Rio Grande do Norte tem ocupação de 49,5% nos leitos críticos.
Entre as unidades públicas de saúde, o Hospital Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, também tem 100% de ocupação, segundo o Regula RN.
"A gente não teve ainda no Rio Grande do Norte, e esperamos não ter, uma explosão do número de óbitos. Isso se deve, principalmente, ao fato de que, nesse momento, tem leitos disponíveis. Não existe mais fila de espera para internação como aconteceu em março, maio e junho", disse o infectologista André Prudente.
"Nós temos leitos disponíveis e isso faz com que as pessoas morram menos, mas não faz com que a doença diminua, e isso é muito importante. As pessoas têm que tomar todos os cuidados que tomavam no início da pandemia".
O Hospital da Unimed, que chegou a ter 64 leitos de Covid-19, atualmente tem 4 de UTI pediátrica e 14 de enfermaria. Desse total, há uma gestante internada e quatro crianças suspeitas de ter a doença. O
O Hospital São Lucas disse ter 10 pacientes em leitos de UTI para Covid-19 e outros 16 pacientes internados entre apartamentos e enfermaria.
Aumento na rede privada
Para o infectologista André Prudente, o crescimento acentuado na rede privada nos últimos dias é reflexo de como tem se comportado o público que tem acesso a um plano de saúde.
"Os usuários da rede privada são os que estão se aglomerando mais em shows, em bares e em eventos, que são caros, inclusive. São as pessoas que têm condições de pagar plano de saúde", pontuou.
Ele explica ainda que as redes privadas reduziram mais o número de leitos para Covid-19 durante a queda no número de internações, o que também reflete numa ocupação mais preocupante em determinadas unidades.
"Os hospitais públicos desmobilizaram muito menos leitos do que a rede privada. Ou seja, a rede privada, hoje, tem uma capacidade instalada de leitos Covid em torno de 20% do que era em maio e junho", falou.
O infectologista André Prudente conta ainda que as aglomerações durante as comemorações políticas nas últimas semanas deixaram pacientes nas unidades.
"Alguns casos foram notificados pela imprensa. Outros a gente não pode falar por sigilo médico. Mas muitas das pessoas, de candidatos a prefeito, vereador, que participaram da campanha agora e se aglomeraram, fizeram festas de ganhar a eleição, estão doentes neste momento", disse.
"Não foi um, nem dois. Foram alguns prefeitos recém-eleitos que provavelmente pegaram na aglomeração de suas festas de comemoração".
Fim de ano sem festas
O infectologista acompanha a recomendação feita pela Sesap para os festejos de fim de ano no Rio Grande do Norte. Para o infectologista, o melhor em 2020 é não se fazer grandes festas em família para evitar a transmissão da doença.
"Apenas um ano sem fazer grandes festas em família não vai matar ninguém. Mas uma pessoa que leva o coronavírus para alguém com fator de risco na família, essa pessoa pode morrer. Então, esse ano, é melhor a gente ficar sem as festas”, disse.
Para o infectologista, até quem já teve a doença deve manter os cuidados, já que não se tem ainda uma definição sobre os casos de reinfecção.
"Mesmo as pessoas que já tiveram coronavírus, precisam manter os cuidados de precaução. Até porque ela pode voltar a adoecer, e a gente não sabe se quando volta a adoecer é mais grave do que no primeiro episódio, como por exemplo acontece com dengue", falou.
Fonte: G1
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